Pescadores aprendem a transformar peixes em derivados como o peixebúrguer

Pescadores aprendem a transformar peixes em derivados como o peixebúrguer
O pescador Natalino em seu flutuante no Teles Pires (Foto: Divulgação/Teles Pires)

Das águas da Hidrelétrica Teles Pires sai o sustento de diversos pescadores da região de Paranaíta (MT). Há 18 anos, a atividade se desenvolveu, mas apenas em 2014 os moradores aliaram outras atividades à pesca tradicional para agregar valor e levar mais sustento às suas famílias. Com o curso de Beneficiamento e Conservação do Pescado, promovido pela Secretaria Municipal de Agricultura de Paranaíta em parceria com Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MT) e do Grupo Gestor de Turismo do município, cerca de três pescadores aprenderam a trabalhar o pescado e fazer, dentre outros produtos, o salame defumado de peixe.

O benefício foi notório: antes, eles vendiam o quilo do peixe a R$ 8, e com os derivados, os produtos podem custar quatro vezes mais. “Iniciei tirando o filé de peixe que consigo vender a R$ 25 reais o quilo e agora fiz para a família experimentar o salame defumado de peixe. Já tem várias pessoas que querem comprar o produto que posso vender por até R$ 35 reais”, conta o pescador Natalino Cardoso, de 64 anos, que começou na atividade apenas para consumo próprio da família e amigos.

A linha de produtos não para por aí: o pescador aprendeu a fazer carne moída, hambúrguer (peixebúrguer), charque, croquete, salame, linguiça frescal e mista, farinha de peixe, peixe defumado, dentre outros derivados. São produzidos com matrinxãs, pacus, tambaquis, piaus, cacharas, covinas e jaús, espécies existentes nos reservatórios, pescadas diariamente de 15 a 30 kg por pescador. Todos são boas opções para substituir a carne bovina e aumentar o consumo de peixes. O Brasil consome anualmente 14,5 kg/habitante, acima da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas abaixo da média mundial, que é 18,8 kg/habitante/ano.

De acordo com a coordenadora de Socioeconomia da CHTP, Marcileny Miranda, há chances de desenvolver cooperativas e, também profissionalizar a piscicultura. “Já iniciamos os preparativos para um novo curso de beneficiamento de pescado e um curso de associativismo. Nosso objetivo é fomentar a atividade pesqueira na área da Teles Pires e apoiar o segmento caso haja interesse dos pescadores em formar uma associação ou cooperativa, trabalhar com tanque rede e produção de derivados do peixe propiciando alternativas concretas para que esse público fortaleça a cadeia produtiva da pesca na região com consequentes melhorias na renda familiar”, destaca a coordenadora.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com