Técnica com cal hidratada melhora resultados da criação de tilápia no oeste do Paraná

O sol forte que castiga o Paraná há pelo menos dois anos, traz consequências perigosas. Uma sanga – espécie de córrego – que fica no distrito rural de Rio do Salto, em Cascavel, no oeste do Paraná, praticamente secou.

Técnica com cal hidratada melhora resultados da criação de tilápia no oeste do Paraná — Foto: RPC/Reprodução

Era dela que o piscicultor Valcir Zanini pegava água para encher o açude. Ele cria peixes há 10 dez anos e é presidente da Associação dos Piscicultores do Oeste do Paraná. Com a estiagem severa, Valcir e outros produtores estão enfrentando dificuldades com a produção.

“Muitos produtores que contavam com água de um rio ou sanga, não esperavam ter uma seca dessa. Se persistir essa seca prolongada, o risco é grande de até pararem com a atividade, porque a água é fundamental nessa criação”.

Com o nível de água cada vez menor, aliado ao frio das últimas semanas, muitos piscicultores tiveram prejuízos. Esta combinação diminui a oxigenação da água e faz com que os peixes fiquei no fundo do tanque e não consigam se desenvolver.

“Ninguém quer peixe muito pequeno e você corre o risco de perder toda a produção”, afirma o presidente.

Para tentar evitar que isso aconteça e melhorar a qualidade da água, uma cooperativa paranaense investiu em pesquisa e descobriu um novo método para equilibrar o pH dos açudes, aumentar a performance da produção e diminuir a dependência da água dos rios. É o tratamento com a cal hidratada.

O gerente da empresa, Nestor José, afirma que o método dá condição de ter um ambiente equilibrado. “O produtor vai aplicar toda semana em torno de 20 gramas por metro quadrado para subir a alcalinidade do ambiente”.

A técnica foi usada em uma propriedade que fica em Jesuítas, no oeste do estado. Quando começou com a piscicultura há dois anos, o produtor Renato Tonelli usava um sistema que bombeava a água que vinha do rio.

Mas toda vez que as bombas eram ligadas, ele via os lucros que teria com a produção irem por água abaixo. Agora que começou com o tratamento com a cal hidratada, o custo com a energia e a quantidade de água consumidas caíram.

“Hoje, mudou muito. A gente utiliza a água apenas para repor o nível do tanque. A questão de trocar a água por causa da qualidade não existe mais”, garante o produtor.

Esta é uma boa notícia para um setor que está em expansão e tem apresentado crescimento superior a 10% ao ano no Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).

A pesca de captura e em cativeiro, que tem a tilápia como carro-chefe, faturou quase R$ 1 bilhão no estado em 2019. A região oeste responde por mais de 60% dessa produção.

Para que o mercado de peixes continue crescendo, é preciso encontrar alternativas para driblar a falta de chuvas. “Depois que nós começamos a usar, nós conseguimos melhorar a conversão alimentar e melhorar o peso. Eu tinha um pouco de medo, mas deu super certo”.

Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana