Sistemas de produção na cadeia de aqüicultura

Conforme o “Manual de Orientação Técnica” elaborado pelo SEBRAE/BA, os sistemas de cultivo se dividem em função da produtividade (extensivo, semi-intensivo e intensivo), do número de espécies envolvidas (monocultivo e policultivo) e do compartilhamento entre mais de uma raça (consórcio de peixes com a criação de outros animais não aquáticos).

gaiolas

Imagem: Crédito Grupo Águas Claras

Sistemas focados na produtividade

– Cultivo extensivo: exploração feita em açudes, lagoas, represas e outros mananciais, nos quais o homem não controla os predadores, nem a qualidade da água onde se desenvolve o alimento natural, único disponível para os peixes. A taxa de estocagem utilizada é de um peixe para cada 10 metros quadrados;

– Cultivo semi-intensivo: neste caso o alimento natural desempenha um papel preponderante na produtividade. Contudo, em virtude de maior densidade de estocagem – em média de três a cinco peixes a cada 10 metros quadrados – há necessidade de se fertilizar as águas e/ou fornecer alimentos suplementares aos peixes, tais como grãos (tipo milho e sorgo), farelos (milho, sorgo, trigo e soja), tortas (mamona e algodão) e farinhas (carne e peixe).

Utilizado no Brasil em grande escala, já emprega alguma tecnologia de criação, como viveiros-berçário, ração comercial e controle da qualidade da água. Neste sistema, a produtividade pode chegar a até 16 toneladas por hectare/ano.

– Cultivo intensivo: sua característica principal é o uso de rações balanceadas na alimentação dos peixes, em virtude das densidades de estocagem bastante altas – cerca de um peixe por metro quadrado – o que torna os alimentos naturais insuficientes, embora estejam presentes na cultura e possam mesmo ser incrementados através de fertilizantes.

É utilizado na criação de espécies de peixes tropicais (pacu e piauçu) e exóticos (tilápia), e também de outros organismos aquáticos. Com o sistema intensivo pode-se obter alta produtividade, algumas vezes acima de 30 toneladas por hectare/ano.

Esse sistema tem como característica principal a utilização de:
– Pequenos tanques com alta densidade de estocagem e alta renovação de água, se realizado em terra.
– Tanques-rede e gaiolas-lagos em açudes e reservatórios de hidrelétricas.

Sistemas focados no número de espécies envolvidas


– Monocultivo
: em que é criada uma só espécie num viveiro. Em geral é utilizado em águas correntes, onde existe limitação de alimento natural e em locais onde não existe oferta de alevinos de diferentes espécies.

– Policultivo: cultivo de diferentes espécies de hábitos alimentares distintos. Neste caso, ocorre um melhor aproveitamento dos alimentos naturais disponíveis nos diversos estratos, o que propicia uma maior produtividade. As principais espécies cultivadas por esta prática e seus hábitos alimentares são a carpa comum (bentófaga e onívora), pacu (onívoro), carpa capim (herbívora), carpa prateada (fitoplanctófaga), carpa cabeça-grande (zooplanctófaga), curimbatá (iliófaga) e tilápia (planctófaga e detritiva)

Sistemas focados no compartilhamento
– Consórcio peixes/suínos
: neste tipo de consórcio de produção, as fezes e urina dos porcos são escoadas diretamente para dentro do viveiro. Os suínos são criados em galpões sobre ou próximos deste viveiro para que todo o material, incluindo restos de ração, seja aproveitado pelos peixes.

Deve-se ter o cuidado quando produtos químicos (como vermífugos e desinfetantes, por exemplo) forem aplicados no cultivo de suínos, porque são produtos prejudiciais aos peixes, podendo, inclusive, provocar mortalidade, o que comprometerá o resultado da piscicultura.

– Consórcio peixes/aves: o esterco de aves é um dos adubos mais completos, se comparado ao de outros animais, o que assegura elevada produção de plâncton. Para o cultivo, constroem-se comedouros para as aves próximos às margens ou sobre uma ilha artificial de madeira ou tela. Estas providências evitam o desperdício de ração, pois os restos que caem na água também serão aproveitados pelos peixes.

Além de adubar os viveiros, as aves intensificam a oxigenação através do movimento de ondulação das águas, erradicam a vegetação aquática existente, além de controlar a reprodução das tilápias, porque se alimentam de pequenos alevinos e também por destruir ninhos.

A desvantagem deste consórcio é que as aves podem danificar os taludes dos viveiros e também tornarem-se hospedeiras de certos parasitas de peixes.

Fonte: http://www.sebrae.com.br
Credito Imagem Grupo Águas Claras