Sistema artificial de usina garante migração de peixes no Rio Madeira

Sistema da Santo Antônio Energia, no Madeira, já é usado por 27 espécies, das 40 migradoras ali existentes

Sistema de Transposição de Peixes (STP)Sistema da Santo Antônio Energia, no Madeira, já é usado por 27 espécies, das 40 migradoras ali existentes
Em operação desde meados de 2011, o Sistema de Transposição de Peixes (STP) implantado pela Santo Antônio Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, tem garantido a migração de peixes rio acima, de forma que ultrapassem a barragem da usina e sigam normalmente o seu curso na época da piracema.
Carlos Hugo Annes de Araújo, diretor de sustentabilidade da companhia, relata que das 40 espécies identificadas de peixes migradores no Madeira, 27 já utilizam a nova estrutura. “Localizada na Ilha do Presídio, próxima à margem direita do rio, a estrutura possibilita a migração necessária para a desova de diversas espécies e a manutenção da atividade pesqueira na região, mesmo com a usina em operação”, explica Araújo, lembrando que após o enchimento do reservatório, a estrutura tem cerca de 900 metros de extensão e dez metros de largura em seu canal principal.
O canal do STP consiste num corredor que reproduz as características naturais das cachoeiras do rio Madeira e a vazão proporcional similar ao rio. “Tudo isto para proporcionar a identificação do peixe com seu habitat natural”.
Araújo destaca ainda que uma das principais preocupações durante a construção e operação da hidrelétrica Santo Antônio é a manutenção da abundância dos peixes no Madeira, tendo em vista a importância econômica e cultural da atividade pesqueira para toda a região. “Assim, a empresa optou por um avançado e eficiente sistema e investiu em pesquisa e estudos que ampliassem a sua confiabilidade”, garante.
Para tornar o projeto realmente eficiente, Araújo conta que a empresa construiu um canal experimental no próprio rio, iniciativa inédita no Brasil, projetado em escala real, próximo à Cachoeira de Teotônio, para testar o comportamento dos peixes em condições semelhantes àquelas do local onde o sistema definitivo está instalado.
Para isso, a Santo Antônio Energia investiu R$ 4 milhões no canal experimental, que foi equipado com aparelhos de alta precisão para medir a vazão e velocidade da água, o que contribuiu para o sucesso dos ensaios e dos resultados alcançados. A partir dessa experiência de dois anos foi possível construir com maior precisão as estruturas definitivas. Araújo assegura que, com o fim dos testes, o modelo experimental foi desativado para não interferir nas novas obras.
Para avaliar os resultados obtidos com o STP, a equipe do Programa de Conservação da Ictiofauna da Santo Antônio Energia marcou, entre agosto e novembro de 2011, mais de 3 mil peixes que seguem sendo monitorados em um estudo sobre as rotas migratórias, o que permite a medição do crescimento e avaliação do deslocamento dessas espécies.
Equipamentos de telemetria para obtenção e transmissão de dados a longa distância foram instalados em parte dos animais e o monitoramento é feito por antenas instaladas ao longo do STP, na usina e em barcos que percorrem o Madeira.
Com essa ação é possível verificar como os animais estão utilizando o Sistema de Transposição de Peixes e a sua eficácia. A outra parte dos peixes recebeu uma marcação chamada LEA, um tubo com um número que é fixado na nadadeira para identificá-lo quando ele for pescado.
“Além de avaliar a eficiência do sistema, o trabalho fornece informações sobre a biologia dos peixes, constituindo importante subsídio para a proposição de programas de manejo pesqueiro”, explica o gerente de sustentabilidade.
Araújo revela que a companhia está na fase final da formulação de um livro com característica de enciclopédia, que aborda todas as espécies com dados científico. “O lançamento da edição deve acontecer já no mês de fevereiro, em Rondônia, sendo voltado para todos os tipo de públicos”, explica.
Fonte:http://www.ariquemesonline.com.br