As tendências de mercado para essa atividade foram debatidas no encerramento do Seminário Nacional do Pirarucu da Amazônia com a palestra do presidente da Embrapa, Maurício Lopes. O evento, promovido pelo Sebrae, com o apoio da Embrapa, foi realizado nos dias 9 e 10 deste mês, em Brasília.
Segundo dados da FAO, a produção mundial de espécies aquícolas em 2014 era de 170 milhões de toneladas/ano, correspondendo a 35% da produção de proteína animal no mundo. Já a exportação mundial dessa proteína era de 59,4 milhões de toneladas/ano, 66% da exportação mundial. Para Maurício Lopes, esses números mostram a grande demanda pela proteína do pescado no mundo e sinalizam uma janela de oportunidades para o Brasil. “A população mundial vai exigir carnes cada vez mais nobres e temos que nos preparar para atender esse exigente mercado com uma aquicultura de baixo impacto e produtos com maior valor agregado”, ressalta o presidente.
Pirarucu, o “bacalhau” da Amazônia
O pirarucu (Arapaima gigas) é a grande aposta do mercado aquícola brasileiro, segundo Francisco Medeiros, secretário-executivo da PeixeBR, a Associação Brasileira da Piscicultura, que reúne produtores de peixe, fábricas de ração, frigoríficos, indústrias de medicamentos e equipamentos do setor. Nativo da Amazônia, esse peixe tem um crescimento rápido, cresce de 10 a 15 quilos por ano; tem excelente rendimento de carne, cerca de 60%; e um sabor peculiar. “Esse animal é bonito, grande e extremamente saboroso, mas ainda precisamos despertar o consumo desse peixe no Brasil e no mundo. É um desafio de todo o segmento, pois se trata de um produto novo para um nicho de mercado”, afirma Medeiros.
Mas o desafio da criação de pirarucu em cativeiro não é somente do mercado, a pesquisa vem trabalhando na produção em escala desse peixe há alguns anos e apresentou resultados importantes no Seminário Nacional do Pirarucu da Amazônia por meio do Projeto Estruturante Pirarucu da Amazônia.
Resultados de projeto com pirarucu serão mostrados em seminário
O projeto busca avançar no domínio tecnológico sobre a produção dessa espécie em escala comercial, principalmente do alevino (filhote do peixe), que hoje é o maior gargalo para a expansão da atividade. O trabalho é desenvolvido em parceria pela Embrapa, Sebrae, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, universidades e pelo setor produtivo, com ações nos sete estados da região Norte do país.
De acordo com Carlos Magno, chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO), o projeto, que está sendo desenvolvido há três anos, já levantou e catalogou práticas de produtores de pirarucu e realizou capacitações para mais de 150 produtores e técnicos da iniciativa pública e privada da região Norte. As ações estão focadas em toda a cadeia produtiva desse pecado, desde reprodução, sanidade, manejo, nutrição, genética, mercado, entre outras áreas. “Esse projeto estruturante está vendo a cadeia produtiva como um todo e não trabalhando de forma isolada”, completa o pesquisador.
Ele diz ainda que atualmente o maior obstáculo dessa cadeia produtiva é reprodução, “ainda não conseguimos induzir uma fêmea a ovular, por exemplo. E a identificação das fêmeas com maior precisão ainda é um processo caro”, completa Carlos Magno. Diante desses pequenos gargalos, a produção de alevinos ainda é baixa frente à necessidade de um mercado maior.
Alinhar produção e mercado para o pirarucu não é tarefa fácil. Maurício Lopes, presidente da Embrapa, ressalta ainda aspectos como a intensificação dessa produção de forma segura, ou seja, com mais eficiência no uso dos recursos naturais, e a agregação de valor, diversificação e especialização de produtos. “Com cooperação, inovação e conhecimento, buscaremos um novo paradigma de produção, que atenda a um novo padrão de consumo”, finaliza o presidente.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br