Pescadores dizem que eram retirados 100 kg por semana, atualmente são 8. Segundo associação, problema é resultado da pesca indevida.
As mais de 100 famílias que vivem às margens do Rio Machado, em Ji-Paraná, RO, começam a sofrer com a falta de peixes no rio. De acordo com a Associação Colônia dos Pescadores, os ribeirinhos sobrevivem da pesca e, o que antes garantia o sustento atualmente gera preocupação. Pescadores afirmam que há um ano retiravam mais de 100 quilos de peixe por semana, agora voltam com apenas 8 quilos em seus barcos.
A Reserva Biológica (Rebio), em Ji-Paraná, que fiscaliza e faz o levantamento de estoque pesqueiro há cerca de quatro anos, está localizada à margem direita do Rio Machado, e tenta evitar a falta de peixes. Segundo Simone Nogueira, chefe da Rebio, por semana mais de 15 pescadores profissionais passam pelo Rio Machado. A preocupação com a falta de peixe é consequência da pesca com frequência em épocas proibidas.
“Esse problema é resultado da pesca indevida, quando acontece a retirada antes da desova. A fiscalização faz um trabalho de conscientização com os ribeirinhos, para que os peixes não desapareçam do rio”, explica Simone.
João Pereira, 68 anos, mora à beira do Rio Machado há 20 anos e durante 15 sustentou a família com a pesca. Ao G1 Pereira contou que sem lucro, precisou mudar de ramo e, atualmente tem um comércio na região.
“Eu costumo dizer que é pouco peixe para muito pescador. A pesca já foi o meu sustento, mas resolvi aposentar meu barco. No Rio Machado, não tem peixe nem para alimento. É triste ver tantas famílias passando dificuldades” conta o comerciante.
Segundo a associação, pescadores profissionais de todo o estado navegam sobre o Rio Machado à procura de peixes. Cerca de 150 deles estão registrados junto à colônia.
Cândido Gonçalves, 43 anos, mora com a esposa e os cinco filhos. Mesmo sendo ribeirinhos há sete anos, há dois a renda mensal da família deixou de ser a pesca.
Com a falta de peixes no rio, Gonçalves foi obrigado a procurar outra fonte de renda, construindo pequenos barcos para uma empresa do município.
“Eu ainda sou pescador. Bom, pelo menos tento pegar alguns peixes, mas a pescaria não é mais rentável. Os peixes que eu consigo são tão poucos que só dá para servir como alimento para a minha família. Construir barcos agora é a minha nova profissão”, afirma Gonçalves.
Portas fechadas
Os comércios e restaurantes, que existiam às margens do rio e ofereciam diversas opções de pratos à base de peixes, deixaram de funcionar pelo mesmo motivo – a falta do pescado.
“O meu restaurante não funciona mais porque nesse rio não tem mais peixe. Eu não tenho condições de comprar peixe no mercado para reabrir o meu comércio. Agora eu e minha família sobrevivemos com a minha aposentadoria”, explica Noel Barbosa, um dos ribeirinhos que precisou fechar o comércio.