Secretaria de Agricultura de SP desenvolve diversos projetos de pesquisa e extensão rural sobre o uso da água no agro

Em 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água, data instituída pela Organização das Nações Unidas em 1992 para ampliar a discussão desse tema, que é tão importante para a manutenção da vida no planeta. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolve diversos projetos de pesquisa e de extensão rural a respeito desse recurso natural e ressalta nessa data seu compromisso com um agro cada vez mais forte, sustentável e inovador.

Economia de água na produção de suínos 

Imagine só transformar efluentes oriundos da produção de suínos em adubo para agricultura, água e energia para a propriedade ou para venda a concessionárias? Esses impactos positivos da suinocultura não ficam apenas na imaginação, mas ocorrem no mundo real, em propriedades rurais do Estado de São Paulo. Trabalho desenvolvido pelo Instituto de Zootecnia (IZ-APTA) permitiu adaptar a tecnologia da empresa JL Tecnologia Ambiental (JLTec) para tratamento de efluentes de origem pecuária e humana simultaneamente. O resultado é mais renda no campo e menos impacto no meio ambiente.

De acordo com a pesquisadora do IZ, Simone Raymundo de Oliveira, o programa Suíno Pata Verde visa a sustentabilidade real da atividade da pecuária, tendo foco em transformar passivo ambiental em ativo financeiro dentro da propriedade. A tecnologia, desenvolvida desde 2017 na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Tanquinho, já é utilizada em propriedades rurais de Cordeirópolis, Capivari e Araras. 

“Dizemos que o programa promove uma sustentabilidade real porque usa os efluentes dos suínos, que trazem impacto para o ambiente, e os transforma em novos recursos dentro da propriedade rural. Com o sistema temos a produção de dois tipos de adubos, altamente nutritivos para as plantas, e de água. Dizemos que produzimos água porque pelo menos 75% da água que é produzida no tratamento e clarificação do chorume podem ser reutilizadas na propriedade na irrigação de lavouras de milho, soja, café, forragens e até na lavagem de caminhão”, conta a pesquisadora que é líder do projeto. 

Segundo Simone, a partir tecnologia é possível retirar até 95% dos nutrientes que transformam os efluentes dos suínos em poluentes e mitigar as emissões de metano no meio ambiente, transformando esse gás de efeito estufa em energia térmica e elétrica.  

Consumo consciente na irrigação 

O Instituto Agronômico (IAC-APTA) desenvolve pesquisas sobre o consumo consciente e eficiente de água na irrigação. Dentre essas ações estão a recomendação de técnicas como a avaliação e a adequação de sistemas de irrigação, como a irrigação por gotejamento com aplicação frequente e com baixas quantidades de água. “Adotamos o monitoramento utilizando sensores de solo, clima e planta nas áreas experimentais para obter a quantidade de água necessária, de acordo com os coeficientes de cultura e evapotranspiração, visando à máxima eficiência no uso da água e redução de desperdício”, explica. 

O IAC realiza pesquisas orientadas para buscar alternativas para redução de consumo de água nas áreas irrigadas. Esse é caso da irrigação deficitária, em que a cultura apresenta bom desempenho, recebendo um volume menor do que sua necessidade. Há também os estudos de fertirrigação das culturas a fim de aumentar a eficiência da adubação e diminuir o impacto de agroquímicos nas águas. 

Cerca de 90% da água consumida pelas plantas via irrigação retorna ao ciclo hidrológico de forma limpa, por meio da transpiração. Então, apesar de a irrigação ser a maior usuária de água doce, dentre os diversos setores da economia e abastecimento humano, esse recurso não é perdido no ambiente, segundo a pesquisadora do IAC, Jane Maria de Carvalho Silveira. “A água é a principal constituinte das plantas, sendo necessária para que o processo fisiológico se complete e resulte em crescimento e produção, portanto, se não houver disponibilidade adequada de água a produção de alimentos será afetada”, afirma. 

Água: um bem comum

De acordo com a pesquisadora do Instituto de Pesca (IP-APTA), Cacilda Thais Janson Mercante, o tema água é bastante discutido e conhecido por toda a sociedade. “Mas, nem sempre percebemos o quanto complexo é esse assunto. Para entender um pouco mais sobre essa complexidade devemos conhecer e detalhar o ciclo da água no Planeta. Diversos componentes fazem parte desse ciclo, mas podemos destacar os oceanos e as florestas os quais têm papel fundamental na regulação do clima na Terra”, afirma. 

A pesquisadora explica que o equilíbrio do ciclo hidrológico depende notadamente da preservação dos oceanos e das florestas. “A degradação do meio ambiente provocada pelo Homem altera o ciclo das águas em diferentes escalas tanto locais, regionais como globalmente. A água é um bem comum e todo ser vivo tem direito ao acesso a água de boa qualidade e em quantidade”, afirma.

Consumo 

Presente nos ambientes corporativos e em casa, a água destinada ao consumo humano acondicionada em galões plásticos retornáveis recebe especial atenção do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-APTA), que integra a Comissão de Estudo de Embalagem Plástica para Água Mineral e de Mesa, vinculada ao Organismo de Normalização Setorial de Embalagem e Acondicionamento Plásticos credenciado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/ONS-051). Além de ajudar a garantir a proteção da água durante envase, estocagem e distribuição através da comissão, o Ital constantemente é demandado pelas fabricantes para realizar análises de embalagens e tampas com o mesmo objetivo. Outra contribuição do Instituto está em pesquisa e desenvolvimento no aproveitamento de água evaporada durante o processamento de alimentos e bebidas, como na concentração do suco de laranja – saiba mais. 

CATI: ações, projetos e práticas conservacionistas integradas  

Cumprindo seu papel de incentivar a harmonia entre produção agropecuária e meio ambiente, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), no que tange às questões relacionadas à água, bem essencial à vida, realiza projetos, programas e ações participativas com produtores e suas organizações, órgãos governamentais, entidades de pesquisa públicas e privadas, prefeituras, comitês de bacias hidrográficas, sociedade civil organizada e outros.

Neste contexto, entendendo que é impossível dissociar conservação dos recursos hídricos da conservação do solo, pelo fato de a erosão ser uma das principais causas do assoreamento de mananciais, cursos d’água e até a seca de nascentes, a CATI investe na geração, adaptação e divulgação de conhecimento e tecnologia, projetos de recuperação de nascentes e matas ciliares, Boas Práticas Agropecuárias e práticas conservacionistas integradas por meio de capacitações, palestras técnicas, Dias de Campo e outros e edição de publicações técnicas  como a Cartilha Uso Racional da Água e Boletim Técnico sobre Conservação do Solo  que estão disponíveis no site: www.cati.sp.gov.br 

Entre os projetos destacam-se a atuação dos extensionistas no Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e na execução do Projeto Integra SP. “O Integra SP é uma importante política pública viabilizada pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap)/Banco do Agronegócio Familiar Banagro, por meio da qual pequenos, médios e grandes produtores rurais podem acessar recursos para a recuperação de áreas com grandes erosões. No âmbito do Fehidro, cabe aos nossos extensionistas analisar a viabilidade técnica dos projetos e os custos dos empreendimentos, bem como fiscalizar a execução no campo” explica Alexandre Manzoni Grassi, coordenador da CATI.

Atualmente, a CATI acompanha 173 empreendimentos financiados pelo Fehidro, perfazendo um montante de mais de R$ 45 milhões investidos na conservação do solo e sua relação direta na preservação dos recursos hídricos. Já no Integra SP, até o momento, foram elaborados mais de 170 projetos, em um investimento de cerca de R$ 2,5 milhões em subvenções para Recuperação de Áreas Degradadas por Grandes Erosões (Radge), promovendo a sua reintegração ao sistema produtivo.

fonte: https://www.pesca.sp.gov.br/