O florescimento excessivo de algas que ocorreu há um ano no Chile ainda repercute em várias dimensões da salmonicultura local. Com escassez de produto, os preços subiram e beneficiaram as empresas que se mantiveram no jogo. Mas a esfera institucional registra mudanças profundas.
Felipe Manterola, gerente geral da Associação da Indústria do Salmão no Chile (SalmónChile), renunciou ao cargo por motivos profissionais, ligado a empreendimentos que requerem toda sua disponibilidade, segundo informou o portal Aqua.cl. A entidade permanecerá sob o comando dele até que se defina quem o sucederá.
Outra renúncia, desta vez por denúncias de corrupção, tirou há dois meses o subsecretário de Pesca e Aquicultura, Raúl Súnico, do cargo. Ele é acusado de ter favorecido indústrias pesqueiras depois de ter sua campanha à reeleição à Câmara dos Deputados financiada por entidade do setor. Pablo Berazaluce Maturana, ex-coordenador legislativo do Ministério da Economia, vai assumir em seu lugar.
Tudo isso ocorre no momento em que o Ministério Público chileno investiga as razões do surgimento da maré vermelha, que foi atribuída por organizações de defesa do meio ambiente ao despejo de 4.500 toneladas de salmões mortos em Chiloé, na região de Los Lagos, durante o primeiro trimestre de 2016. Os animais mortos teriam ocasionado um aumento de nutrientes na água e favorecido a proliferação de algas.
Súnico disse em novembro, na ocasião da entrega de um relatório sobre a causa do fenômeno, que ele não está relacionado ao descarte dos salmões. O MP chileno, no entanto, quer elucidar em que circunstâncias se autorizou o despejo, se havia condições para isso, os possíveis danos ambientais, as medidas adotadas, se os protocolos foram seguidos e quais foram as autoridades envolvidas na decisão.
Faturamento recorde
Enquanto o panorama institucional segue delicado, as principais salmoneiras do país se beneficiaram da queda mundial de 2% na oferta mundial de salmão. Segundo a SalmónChile, no quarto trimestre o preço médio do filé de salmão Atlântico fresco nos Estados Unidos subiu 77%, na Noruega 48,3% e no Brasil 65,7%, com preço médio de US$ 7,44 por kg, ante o quarto trimestre de 2015.
Com isso, Camanchaca, Australis Seafoods, Multiexport, AquaChile, Blumar e Invermar registraram um aumento de 20,38% no faturamento total de 2016. Só a Invermar registrou uma variação positiva de 114% aproximadamente, conforme apurou o diário Pulso.
Fonte: http://seafoodbrasil.com.br