O salmão superou o camarão em 2013 como produto mais comerciado no segmento que engloba peixes e frutos no mar, e novos produtos estão ajudando a abrir novos mercados.
Em 2013, o salmão superou o camarão pela primeira vez, respondendo por 17% do valor total de comércio de frutos do mar. O camarão, de sua parte, manteve participação de 15%, de acordo com novos dados da FAO (Organização de Agricultura e Alimentos da ONU).
Os frutos do mar são a commodity alimentícia mais negociada pelo critério de valor, e o camarão foi a espécie mais vendida por décadas. No entanto, a volatilidade na produção e preços causada por doenças reduziu sua participação no comércio internacional. A demanda crescente nos mercados internos de países exportadores também resultou em queda nas exportações, de acordo com a FAO. A previsão é de que essa tendência tenha se mantido, com o salmão respondendo por cerca de um quinto do comércio total de frutos do mar em 2015, e o camarão por 16%, de acordo com estimativas iniciais da FAO baseadas em dados mensais disponíveis.
O salmão é muito versátil – pode ser enlatado, defumado e processado de outras maneiras. O camarão enfrenta mais problemas em termos de volatilidade de produção;, disse Audun Lem, funcionário da FAO que cobre o setor de frutos do mar.
Nos últimos anos, o comércio internacional de camarões de água salgada e água doce vem sendo prejudicado por doenças, que afetaram o setor na Tailândia, um dos maiores produtores e exportadores de camarões.
EM QUEDA
A produção vem caindo desde 2012, nesse importante produtor asiático, devido à chamada síndrome da mortalidade prematura, e os preços chegaram a um recorde de alta em 2014. Em 2015, a produção se recuperou pela primeira vez em três anos, o que resultou em queda de preços da ordem de 15% a 20%.
O comércio do salmão vem sendo estimulado pela crescente demanda e preços mais altos nos Estados Unidos e Europa, especialmente para os peixes produzidos na Noruega, o maior produtor e exportador mundial. Em contraste, o Chile, segundo maior produtor mundial de salmão, vem enfrentando queda de preços e alta nos custos de produção.
As mudanças no comércio de frutos do mar surgem em um momento no qual a demanda vem sendo estimulada pela crescente apreciação dos consumidores quanto aos benefícios de saúde propiciados pelo consumo regular de frutos do mar. A demanda pelo peixe rico em óleo levou ao desenvolvimento de salmões geneticamente modificados. As autoridades regulatórias dos Estados Unidos licenciaram a produção e consumo do controverso produto, ainda que seja improvável que os principais grupos de varejo o ofereçam quando estiver disponível.
As expectativas de um crescimento firme na demanda atraíram novos interessados ao setor de piscicultura. A Mitsubishi, do Japão, adquiriu a Cermaq, produtora norueguesa de salmão, por US$ 1,4 bilhão em 2014, e no ano passado a trading de commodities norte-americana Cargill adquiriu a EWOS, companhia norueguesa de ração para peixes, por US$ 1,5 bilhão.
O consumo mundial per capita de frutos do mar cresceu de 18,7 quilos para 20 quilos entre 2011 e 2015, de acordo com a FAO. Ainda que o comércio internacional de frutos do mar tenha caído a cerca de US$ 130 bilhões em 2015, ante US$ 144 bilhões no ano anterior, o volume vendido deve se manter estável ou crescer ligeiramente, de acordo com a organização.
Ainda assim, o setor deve sentir o impacto do crescimento desacelerado ou negativo de novos mercados como a Rússia, China e Brasil, que sustentaram a demanda nos últimos anos.
Vimos questões sérias de demanda em alguns países, disse Gorjan Nikolik, analista de frutos do mar no Rabobank. Os mercados dos Estados Unidos e da União Europeia compensaram parte do consumo perdido, a despeito dos preços altos, mas a calibragem nova em termos de crescimento do mercado implicou em mudanças nos fluxos de comércio internacional de frutos do mar, ele acrescentou.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br