Projeto que incentiva pesca de tubarões em Pernambuco vai parar no MP

Grupo Propesca oferece recompensa para pescadores que capturarem os predadores, enquanto que ambientalistas e estudiosos protestam contra iniciativa

Projeto que incentiva pesca de tubarões em Pernambuco vai parar no MPQuem anda pelas praias de Pernambuco, em especial no trecho de Olinda a Cabo de Santo Agostinho, já deve ter se deparado com as placas que advertem sobre o risco de ataques de tubarões. Nos últimos vinte anos quase 60 pessoas foram atacadas, sendo que 27 morreram. Os dados alarmantes fazem com que grupos tomem medidas distintas para evitar novos casos fatais. Até o Ministério Público já foi acionado.

O que vem causando discórdia é o projeto Propesca. Criado por cidadãos ele visa “defender as vidas humanas” dos ataques de tubarões. O grupo propôs a instalação de uma tela de aço galvanizado numa extensão de 16 km que, com auxílio de sensores, iria afugentar os tubarões das proximidades da praia.

No entanto, o projeto foi ignorado. O Propesca então encontrou um meio mais “barato” para solucionar o problema: incentivar a pesca dos tubarões. O grupo fornece o equipamento (inclusive iscas) e ainda dá recompensas para quem fisgar os predadores. Houve um caso recente em que um homem ganhou R$ 360 e uma cesta básica.

“A partir do momento que for implantado o sistema de segurança que propomos, nós cessamos todas as ações de captura”, garante o coordenador do grupo, Bruno Pantoja.

Iniciativa criticada

Grupos de ambientalistas, pesquisadores do Cemit (Comitê Estadual que Monitora Incidentes com Tubarões) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) se puseram contra a iniciativa do Propesca.

Segundo os estudiosos, os tubarões são atraídos por conta das mudanças ambientais provocadas pela construção do Porto de Suape, um dos principais do Nordeste.

Os ambientalistas monitoram os tubarões, os mantendo vivos e os levando para bem longe das praias.

“A atividade de pesca é prevista para determinados fins, mas não para resolver problemas ambientais e não com premiação. Ninguém tem licença para fazer isso que não seja o poder público”, ressalta a presidente do Cemit, Rosângela Lessa.

Segundo o site G1, o Cemit acionou a Delegacia do Meio Ambiente, que, por sua vez, pediu ajuda ao Ministério Público. O caso vai ser analisado.

Fonte: http://revistapescaecompanhia.uol.com.br/