Projeto faz cultivo do pirarucu da Amazônia aumentar mais de 400%

Projeto faz cultivo do pirarucu da Amazônia aumentar mais de 400%De 2007 a 2016, a produção em criatório do pirarucu, uma das espécies mais saborosas da Amazônia, deu um salto de 400%. A expansão contribuiu para o País atingir a marca de 8,3 mil toneladas anuais e incentivar a conquista novos mercados no Brasil e no exterior.

Esses dados foram divulgados durante o Seminário Nacional do Projeto Pirarucu da Amazônia, realizado ontem e anteontem em Brasília. Segundo o produtor Edinaldo Lustosa Alves, 48 anos, do município de Breu Branco, no sudeste paraense, em janeiro 2017, a intenção é passar a produzir filé embalado para atender supermercados e restaurantes da região.

Além de ter um criatório, Alvez também estimula outros produtores a criarem pirarucu. “Estamos fazendo o que a Sadia faz com os produtores de frango”, comparou. “Criamos alevinos, distribuímos para 16 fazendeiros e depois de um ano compramos e comercializamos o produto”, explicou.

Alves é um dos 200 produtores da região Norte incentivados a cultivar a espécie em tanques escavados. Hoje, o produtor é sócio do Parque do Pirarucu, um empreendimento que montou com outro apreciador da espécie, o empresário Jahyr Seixas, com 94 anos de idade e entusiasta da experiência.

Eles fazem parte do “Projeto Estruturante Pirarucu da Amazônia”, cujas ações foram centradas em pesquisa e marketing para assegurar tecnologia à produção cultivada e difundir o sabor do produto em mostras gastronômicas.

Rodada de negócios

No seminário, promovido pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), houve rodada de negócios dos produtores com potenciais clientes. “Há forte interesse no produto. A nossa dificuldade é preparar mão de obra que saiba lidar com a tecnologia desenvolvida pela Embrapa e com o apoio do Sebrae”, relatou Alves.

O aumento da produção em tanques escavados abre caminho para a espécie amazônica disputar o mercado de peixes no Brasil que é dominado por espécies importadas, a exemplo do salmão do Chile e da merluza da Argentina.

“Temos um litoral imenso e ainda temos que importar pescado”, criticou Enzo Donna, da ECD – Consultoria Especializada em Food Service. Donna ainda mostrou que no segmento de food service os peixes participam com apenas 1,5% desse mercado bilionário, que exige fornecimento contínuo do produto.

A hora do consumidor

Como colaboração ao aumento e à melhoria do cultivo da espécie, as unidades do Sebrae nos sete estados da Região Norte desenvolveram, desde 2013, a promoção de eventos, visitas técnicas, cursos e consultorias para a implantação 7 unidades de reprodução e 14 de engorda.

A coordenadora do Projeto Pirarucu da Amazônia, Newman Costa, da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional, afirmou ao DCI que as próximas etapas da experiência será buscar ampliar o mercado ao produto.

“O pirarucu é um produto que está em processo de consolidação no mercado”, explicou. “Na parte de reprodução, de sanidade, de técnicas de produção em cativeiro, isso acho que a gente não domina totalmente, mas suficientemente para que as pessoas possam produzir um produto de qualidade”.

Segundo a coordenadora, a realização de rodadas de negócios é um avanço para as próximas etapas do projeto, que vai concentrar suas ações na ampliação do mercado consumidor.

Para o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, “o potencial aquícola verde-amarelo é evidente e já chamou a atenção do mundo”. Disse ainda que investir em aquicultura, ou criação de peixes em fazendas, gera renda, desenvolvimento social, segurança alimentar e fortalece as exportações.

“Não podemos deixar de investir em pesquisa”, recomendou Lopes, ao assinalar que a Embrapa já produziu diversas tecnologias para aprimorar a produção agropecuária e também a aquicultura. “Os investimentos em ciência e tecnologia tem que ser mantidos”.

Com o projeto, foram desenvolvidas tecnologias para produção em cativeiro, articulação de estratégias para a abertura de novos mercados e capacitação produtores para melhor gestão do negócio.

“Nossa proposta é difundir a produção entre os aquicultores, mostrar esse peixe riquíssimo ao consumidor brasileiro e contribuir para o aumento do consumo de pescados no Brasil”, afirmou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que o sabor da carne do pirarucu já caiu no gosto de consumidores e especialistas em culinária pelo Brasil e também no exterior, onde desponta com forte potencial para conquistar mercados.

A pesquisa foi aplicada onde o produto passou a ser comercializado. Incluiu Brasília e mais cinco capitais (PA, PE, SP, RJ e PR).

Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br