Produtores do Norte do país apostam na criação de pirarucu

 

Produtores do Norte do país apostam na criação de pirarucu
Criações de pirarucu em cativeiro começaram a pipocar na região por volta de 2005 (Foto: Creative Commons / Flickr)

O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo alcançar 300 quilos na natureza. A espécie é nativa da região amazônica, portanto só encontrada na América do Sul. Seu nome vem de pira = peixe e urucum = vermelho. Isso porque o macho tem escamas com a ponta avermelhada, uma forma de se diferenciar da fêmea.

A espécie tem bexigas natatórias modificadas que funcionam como pulmões, então mesmo que a água não tenha muito oxigênio, isso não é problema, porque ele vem à superfície para respirar. No entanto, esta característica faz dele presa fácil de pescadores extrativistas. Não por acaso, hoje o pirarucu está na lista da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Selvagens Ameaçadas de Fauna e Flora (Cites).

A forma encontrada para preservar a espécie e desfrutar de sua carne – conhecida por ter lombo alto e render postas largas – foi a criação em cativeiro. O problema é que o pirarucu não aceita a reprodução artificial, eles formam casais e só então se reproduzem. O macho cava um ninho no açude, a fêmea coloca os ovos, ele vem e põe os espermas, processo que se repete umas cinco vezes.

Na etapa seguinte, a fêmea fica chocando enquanto o macho vigia os arredores. Em média, ela põe entre 10 mil e 20 mil ovos. Na natureza, ao fim da desova não restam mais que 100 peixes. Mas com as novas técnicas de produção, as larvas são levadas para tanques de recria, onde são alimentadas por zooplâncton, até se tornarem alevinos juvenis de 20 cm, tamanho em que podem ser comercializados.

Estas criações isoladas de pirarucu começaram a pipocar nos Estados do Norte do Brasil por volta de 2005. Em resposta a esta demanda, dois anos depois, o Sebrae criou o Projeto Pirarucu da Amazônia, que integra todas as unidades federativas da região. “Na primeira etapa do projeto, concluída em 2010, o projeto desenvolveu estudos voltados à fase de reprodução e engorda”, diz Newman Costa – Coordenadora Nacional de Aquicultura e Pesca do Sebrae.

Segundo ela, nesta fase foram coletados dados sobre a produtividade e a viabilidade econômica do pirarucu cultivado em manejos intensivos com rações balanceadas em diferentes sistemas de produção: açudes, viveiros escavados e tanques redes. O segundo ciclo teve início em 2012, conta com o apoio da Embrapa e do Ministério da Pesca e está voltado a ações de conhecimento e tecnologia nas áreas de produção e mercado.

Nesta etapa foram implantadas sete unidades de reprodução e 14 unidades de engorda em parceria com empresários parceiros/ produtores dos sete Estados da região Norte. Também estão sendo feitas novas formulações de ração para espécie, com o intuito de sanar as dificuldades na área de nutrição e sanidade. Ações de marketing e de divulgação do potencial gastronômico do pirarucu fecham o pacote. “Nesta fase dois, o Sebrae aportou R$ 7 milhões em quatro anos. Mas se contarmos os investimentos dos parceiros este montante ultrapassa R$ 10 milhões”, diz Newman. O Sebrae finalizou 2014 com 166 produtores envolvidos de forma direta no projeto, mas o objetivo é a ampliação gradual desse número, por meio de Dias de Campo, Palestras e Visitas Técnicas.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com