Prevenção evita prejuízos na piscicultura

Cuidados com o manejo e a nutrição de peixes devem ser tomados logo no início da estação mais fria do ano

A partir de uma dieta balanceada é possível reduzir a mortalidade de peixes no inverno | Crédito: Divulgação

A chegada da estação mais fria do ano exige preparo dos piscicultores para evitar prejuízos. Com a queda das temperaturas, os peixes ficam mais sujeitos a desenvolverem doenças e, por isso, é importante que o manejo e a nutrição sejam bem planejados. Os cuidados devem ser tomados logo no início do ciclo, o que é importante para que os animais estejam bem nutridos e mais resistentes com a chegada do inverno.

De acordo com o zootecnista e gerente de produtos para aquicultura da Guabi  Nutrição e Saúde Animal, João Manoel Cordeiro Alves, a piscicultura vem despontando como um dos mercados mais promissores do Brasil, por isso, os cuidados são importantes para o bom desenvolvimento da atividade. 

“Minas Gerais é importante no cenário brasileiro de produção de peixes, por ter grande oferta de recursos hídricos. Mas poderia produzir muito mais se não fossem os problemas com a legislação. O Estado tem importantes criadores e uma rede de pesquisas em universidades muito grande. Por isso, tem grande potencial”.

Alves explicou que, apesar de as temperaturas em Minas Gerais não caírem tanto se comparadas com outras áreas produtoras, como São Paulo e Paraná, é importante que os piscicultores fiquem atentos aos cuidados antes do inverno. 

“Os peixes possuem sangue frio e a temperatura corporal acompanha a da água. Então, quando o clima esfria, o  metabolismo diminui e o peixe fica mais suscetível a doenças, come menos e fica debilitado. As ações para que os animais cheguem a esta época bem nutridos e mais resistentes devem ser indicadas logo no início do ciclo. Tentar consertar durante o inverno é tarde”, informou.

Alguns cuidados são essenciais. Entre eles, a escolha da ração a ser ofertada, que deve ser de qualidade e a indicada para cada período do ciclo dos peixes. Segundo Alves, a atenção com alimentação deve ser redobrada, diminuindo os efeitos da desaceleração metabólica e da baixa ingestão de vitaminas e minerais típicos do período, que comprometem a produtividade e podem causar grandes perdas. 

“Temos trabalhado muito junto aos produtores, indicando que eles façam um trabalho preventivo. É importante iniciar o ciclo com rações indicadas, porque no inverno os peixes perdem o apetite. Se bem nutridos, eles vão passar o inverno mais resistentes e quando o tempo esquentar, vão crescer muito mais rápido. Desta forma, o criador terá mais peixe por espaço, aproveitando melhor os recursos naturais, os insumos e reduzindo os custos através da maior eficiência”. 

A partir de uma dieta balanceada é possível mitigar a mortalidade e chegar à primavera com uma maior promessa de desenvolvimento e rentabilidade. “Garantindo boas condições de bem-estar durante temperaturas mais baixas, os criadores podem diminuir o ciclo de produção em mais de 30 dias. Ou seja, alcançar o desempenho anual em apenas 11 meses, com um crescimento simples e barato”, explica.

Manejo 

Outro ponto importante é o manejo correto. O ideal, segundo Alves, é separar os peixes por tamanho antes de o inverno chegar.  “Isso faz diferença ao alimentar os peixes conforme o tamanho e também caso o produtor resolva vender os animais. Ao passar a rede no inverno vai machucar a pele dos peixes, o que pode favorecer a proliferação de fungos e bactérias, causando a morte dos que ficarem. Ao selecionar por tamanho, é possível retirar todos, evitando perdas”.

Alves explica ainda que o ideal é não ligar o aerador porque esfria a água, o que é ruim. “O ideal é deixar a água parada e sem troca ao longo do período frio porque, mesmo que pouco, ela esquenta com o sol”. 

Mudanças na rotina dos viveiros, como transporte e vacinação, devem ser feitas ainda no verão, quando os animais estão mais fortes e resistentes. 

Fonte: https://diariodocomercio.com.br/