Pleiteando a volta do pescado no Castanhão, piscicultores criticam liberação de água no açude

Pequenos produtores rurais alegam falta de trabalho e de renda há mais de um ano. O açude chegou a 15,6%.

Os pequenos piscicultores do Açude Castanhão, o maior reservatório do Ceará, que tentam retornar à atividade de produção de pescado em gaiolas, mostram preocupação com as manobras para liberação de água realizadas desde a semana passada por determinação da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

O reservatório neste ano recebeu significativa recarga de água. No dia 1º de fevereiro acumulava 2,46% e atualmente, conforme dados da Cogerh, registrou 15,6%.

Segundo os piscicultores, o nível de oxigenação da água está muito baixo e eles relacionam a queda com a liberação de água pela Cogerh, através de abertura de maior vazão da válvula. Ao fechar, a água nova retornaria provocando um efeito de subida de matéria orgânica, reduzindo o nível de oxigênio.

Em 2015 e em 2019, houve dois eventos de mortandade que os piscicultores associam à liberação elevada de água e fechamento brusco.

A retomada de água anima os pequenos produtores de tilápia em cativeiro. De acordo com a secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Aquicultura e Pesca de Jaguaribara, Lívia Barreto, cerca de duzentos pequenos produtores de Jaguaribara e de Alto Santo pretendem retomar a atividade. “Há mais de três anos que a cidade sofre um impacto econômico muito grande, sem renda, sem produção de pescado que é a principal fonte de receita local”, frisou Lívia Barreto. “Essas famílias estão sem ocupação, sem renda”.

O piscicultor Laudo Clementino reforça a ideia de que a maioria dos produtores observa que quando se abre a comporta para liberação de água e é fechada rapidamente ocorre o fenômeno da redução dos níveis de oxigênio na água. “Eu tinha 50 gaiolas e perdi todo o pescado quando abriram a válvula e fecharam de uma vez”, contou.

“A nossa ideia era voltar a criar peixe em gaiola, mesmo reduzindo de 800 para 300 por tanque-rede, mas estamos sem capital porque perdemos toda a produção e estamos parados há mais de um ano”, contou Laudo Clementino. “O banco só faz novo financiamento se a Cogerh liberar a outorga de água”.

Os produtores reivindicam a volta da atividade limitando a cada produtor o número de 40 gaiolas e de 15 mil peixes.

Segundo Clementino, o governo do Estado só quer autorizar a retomada da piscicultura quando o Castanhão atingir 20% de seu volume.

Por meio de nota, a Cogerh explicou que houve o aumento da vazão no Castanhão de 1 metro cúbico por segundo para 2 m3/s para atender demanda do município de Limoeiro do Norte, através do rio Jaguaribe.

A Cogerh rebate qualquer relação entre a liberação de água por meio da válvula dispersora do Castanhão com a queda de índices de oxigênio no reservatório e ponderou que a retomada da atividade vai depender de novos estudos de viabilidade para se evitar novos episódios de mortandade.

Fonte: http://blogs.diariodonordeste.com.br