Plano Safra pode fomentar piscicultura no Amazonas

Na piscicultura, a meta é ultrapassar a produtividade que atualmente é de 6 toneladas/hectare para 12 toneladas/hectare nos próximos quatro

Manaus – Em julho o Governo do Amazonas lançou o Plano Safra Amazonas 2019/2020, destinando pelo menos R$ 350 milhões para atender produtores rurais, incluindo agricultores familiares, pescadores, extrativistas e indígenas. O valor equivale a 3% da economia do Amazonas. 

Na piscicultura, a meta é ultrapassar a produtividade que atualmente é de 6 toneladas/hectare para 12 toneladas/hectare nos próximos quatro anos. O objetivo dos técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do  Amazonas (Idam) que serão responsáveis por esta expansão, irão incentivar a utilização de novas tecnologias em viveiros já existentes, sem a necessidade de promover novos desmatamentos.

Em entrevista ao Portal EM TEMPO, o secretário de piscicultura da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror), Leocy Cutrim, afirmou que o Plano Safra do Amazonas é um marco da história do setor pesqueiro. “O produtor terá oportunidade de saber o que tem planejamento para sua área de atuação e poderá cobrar isso”, conta o secretário.

O Estado nunca teve um programa de pesca, esta é a primeira vez que haverá algo específico para a área. Serão diversos programas de orientação e capacitação para atender aquicultura e pescas ornamental, esportiva, manejada e artesanal. 

De acordo com dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem 999 estabelecimentos agropecuários que vendem produtos de aquicultura. Sendo os principais produtores os municípios de Manaus, Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Manacapuru e Presidente Figueiredo. 

Pescador e piscicultores 

“O pescador não pode só viver da pesca, ele também precisa ser um piscicultor para aumentar sua renda”, conta Raimundo Braga, representando do Sindicato dos Pescadores e Pescadoras no Estado do Amazonas (Fesimpeam). 

Para ele, o melhor para a categoria hoje é a união da piscicultura e da pesca. Eles representam 120 mil pescadores, de 77 entidades no Estado. “A gente vê a piscicultura como uma válvula de escape para a situação de falta de peixe”, diz Braga.

“Financiamento é o principal gargalo para a nossa categoria. A gente acredita muito que o Plano Safra vai dar certo. O que não pode acontecer é não ter incentivo para piscicultura”, compartilha Raimundo.

Francisca Batista é presidente da Associação de Pescadores e do Sindicato dos Pescadores de Lábrea, município situado a 852 quilômetros de Manaus. Ela representa 1,6 mil famílias, que estão nas comunidades vivendo da pesca. Ela conta que a maior dificuldade que encontram hoje é a venda e o armazenamento do pescado. 

A associação que ela representa foi contemplada pela segunda vez com Fundo de Promoção Social do Governo, com quase R$ 200 mil. Na primeira oportunidade, os pescadores ganharam 12 botes de alumínio, o que contribuiu para o aumento da produção local, tendo em vista que muitos não tinham um meio de trabalho.

Com 20 comunidades contempladas, a associação também tem desenvolvido outras formas de agregar valor aos peixes que seriam descartados. “Fazemos linguiça de peixe, mini fish – que é um hambúrguer de peixe -, torta e salgado. Tudo isso aumenta nossa renda familiar”, explica Francisca. Os peixes que os pescadores de Lábrea mais pegam são surubim, sardinha, mandim e pirarara.

Projetos prioritários

O Plano Safra irá investir recursos na ordem de 94 milhões para os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), desenvolvidos por meio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do  Amazonas (Idam).

O Idam vai trabalhar 21 projetos prioritários voltados para as cadeias produtivas do açaí, banana, abacaxi, guaraná, cupuaçu, café, mandioca, milho, feijão, citros, bem como na área de piscicultura, bovinocultura e avicultura. Também incluem os segmentos de fibras, soja, agroecologia e no manejo florestal a castanha, borracha, madeira, piaçava e óleos naturais.

No manejo florestal, o foco é para os pequenos extrativistas. O plano de ação visa aumentar a produção e produtividade madeireira em 23 municípios do interior do Estado e trabalhar todas as etapas da cadeia produtiva, que vão desde a produção à comercialização, além de melhorar o processo e replicar boas práticas de manejo.

Na fruticultura, o açaí é uma das cadeias com maior expressividade econômica no Estado. O objetivo é atender mais de 12 mil agricultores que trabalham com a cultura nos 12 municípios de abrangência do projeto. A iniciativa vai incrementar em 50% a produtividade, passando de 10 toneladas/hectares em 2018, para 15 toneladas/hectares de frutos em 2022.

Mesmo com este avanço, alguns produtores ainda não estão satisfeitos. “Todo mundo estava com uma esperança muito grande com o Plano Safra, mas quando foi anunciado que seria apenas 3% da economia do estado para a agricultura primária, achamos uma brincadeira”, compartilha Mônica Walesca, 54, integrante do Cooperativa Agroextrativista Mista dos Produtores Rurais de Nova Sião do Município de Tefé (Coopagens). “É uma desvalorização com àquelas pessoas que estão no campo”, complementa.

Fonte: https://d.emtempo.com.br/