Piscicultura: vale a pena iniciar uma criação?

Complexo de piscicultura no Acre. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

A piscicultura é uma das modalidades da aquicultura. As especificidades dessa criação são o monitoramento e o controle dos peixes, desde o início da vida até o momento em que são atingidas as condições para consumo.

No Brasil, a produção em 2021 foi de pouco mais de 840 mil toneladas de peixes de cultivo, segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). O mercado emprega cerca de 1 milhão de produtores e movimenta aproximadamente R$ 8 bilhões. A tilápia é responsável por mais de 60% dessa produção, alcançando 534 mil toneladas produzidas por ano.

Com o consumo interno e externo crescendo, mais produtores rurais começam a ver na atividade uma oportunidade de aumentar os lucros. Conheça as etapas do processo de criação de peixes, os gastos e o lucro potencial do negócio

Primeiros passos e estrutura de uma piscicultura

Os primeiros pontos a se considerar na hora de se tornar produtor de peixes são a relação do terreno, a estrutura necessária e as regulamentações legais. É preciso se orientar sobre as normas regulamentadoras da região onde a produção será instalada, já que o empreendimento utiliza recursos naturais e pode causar poluição.

No início do processo, também é importante realizar uma pesquisa de mercado, analisando potenciais concorrentes. Além disso, é necessário analisar a tendência de consumo local e a facilidade para a distribuição e a venda para distribuidores ou varejistas, pois tudo isso influencia diretamente a taxa de lucro final.

A piscicultura pode ser realizada em diferentes lugares: diretamente no mar, em lagos com tanques-redes ou artificiais, em tanques comuns, em barragens e em viveiros. Os métodos mais utilizados são construção de lago artificial, tanque escavado e viveiro.

Espécies para começar uma piscicultura

Tilápia, o peixe mais produzido no Brasil. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Decidir as espécies a serem criadas é parte crítica para determinar o sucesso da operação. A escolha precisa levar em consideração o clima, a qualidade da água e da ração, o tamanho do tanque, a preferência do consumidor e a aceitação no mercado.

Algumas das opções mais utilizadas por quem vai começar na piscicultura são tilápia, bagre, carpa capim, carpa colorida e húngara, pacu, curimbatá, dourado, lambari, piaçu e piracanjuba.

Bagre, tilápia e carpa são as espécies mais indicadas por apresentarem rápido índice de crescimento e alta resistência. O bagre, por exemplo, atinge peso ideal para consumo (de 450 gramas a 700 gramas) entre 15 meses e 18 meses, quando bem alimentado. O peixe também tem alta resistência, vivendo bem em tanques com baixo índice de oxigênio. Como é predador, desenvolve-se melhor com dietas ricas em proteínas.

A tilápia é o peixe mais produzido em razão do custo-benefício. Ela atinge peso de consumo (de 230 gramas a 450 gramas) em seis meses, desde que o clima seja favorável e a comida seja de qualidade. A manutenção do tanque pode ser pequena, e o peixe tem a fama de comer “qualquer coisa”

Outra opção comum é a carpa, de diferentes famílias. Algumas podem chegar a mais de 20 quilos, porém são consumidas ao alcançar entre 2,2 quilos e 4,4 quilos. Entretanto, para chegar a esse peso, são necessários dois anos de criação.

Manutenção da piscicultura

O investimento para começar a criar peixes varia muito em razão de local, tipos de tanque e espécies escolhidas. Segundo dados de 2018 do site Nação Agro, o investimento para iniciar a criação em tanques e represas poderia variar entre R$ 12 mil e R$ 70 mil por ano. Os lucros, na época, eram estimados em R$ 10 mil por hectare.

Atualmente, os gastos cresceram. Como a ração chega a representar 70% do custo da produção, os recentes aumentos das commodities, em razão da pandemia de covid-19 e do conflito na Europa, encareceram o produto final.

A alimentação requer cuidado especial. Os peixes precisam ser separados por idade, já que o número de vezes que se alimentam por dia aumenta conforme o crescimento. Casais também precisam ser separados para a reprodução, e as ovas devem ficar em tanques específicos até completarem um mês de vida.

Diferentes espécies têm dietas variadas, então é preciso investir em fornecedores de qualidade para garantir o aproveitamento da produção. Por fim, vale lembrar que a atividade é regulamentada por legislações ambientais e fiscalizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), assim, é importante cumprir normas de higienização de tanques e garantir a saúde dos animais. O produtor rural também precisa ter cadastro de piscicultor para realizar a atividade de forma legal.

Fonte: https://summitagro.estadao.com.br/