Pesquisa vai estudar uso da água descartada da piscicultura como fertilizante na Amazônia

Projeto foi selecionado em edital de incentivo à ciência e vai ser desenvolvido nos próximos 3 anos por professores e estudantes da Unifap.

Uma pesquisa da Universidade Federal do Amapá (Unifap) propõe analisar a eficácia da água descartada de tanques de piscicultura como fertilizante na Amazônia. O estudo buscar achar alternativas para melhorar o cultivo de capim, planta importante na criação de gado no estado.

A iniciativa, que conta com apoio de estudantes e professores, foi selecionada em um edital do Banco da Amazônia de incentivo à pesquisa. Com isso, a pesquisa vai ser realizada por etapas, nos próximos 3 anos.

Serão coletados três tipos de solos diferentes: um em Macapá e dois no interior do estado. A partir disso, as amostras de terra vão ser testadas para que seja avaliada a eficácia da água, antes usada na piscicultura, como fertilizante de solo.

Com base nos resultados, a próxima etapa será a aplicação da pesquisa no cotidiano da produção agrícola amapaense.

O estudo é coordenado pelo pesquisador Flávio Costa, que há 8 anos desenvolve projetos sobre ingredientes sustentáveis que podem ajudar a natureza. Ele conta que o preço dos adubos industrializados é alto para o produtor local, por isso buscou uma solução econômica.

“Temos um grande problema que é o preço alto dos insumos que chegam no Amapá para adubação, então isso me despertou o interesse em fazer pesquisa por um adubo mais em conta para o agricultor”, explicou.

O coordenador também destaca o potencial sustentável do estudo, já que reaproveita uma água cheia de sustâncias que quando descartadas de forma incorreta podem contaminar o solo, lençol freático e prejudicar famílias que residem nos arredores.

Flávio Costa, pesquisador da Unifap — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

“A água da piscicultura geralmente é descartada em grandes volumes e contamina os solos e o lençol freático, e pode até prejudicar os produtores que moram próximo dessas áreas. Vamos utilizar essa água residuária para irrigação de pastagem”, detalhou.

O plantio, ainda de acordo com Costa, é uma das principais atividades na Amazônia, mas os solos são considerados de baixa fertilidade. Os problemas são amenizados com a utilização de fertilizantes.

“A agricultura familiar não consegue manter por muito tempo em uma determinada área porque após o sistema de corte e queima, fazem um, dois, três cultivos, no máximo, da mandioca e abandonam essa área porque a fertilidade baixa de forma muito rápida e depois não conseguem mais produzir”, descreveu.

Além de Costa, participam do trabalho outros pesquisadores do curso de licenciatura em educação do campo, ofertado no campus da Unifap que fica em Mazagão, município distante 32 quilômetros de Macapá.

Fonte: https://g1.globo.com/