Peixe: Ração mais cara vira entrave

Aumento na soja e milho tornou o produto cerca de 25% mais caro, elevando o custo de produção

Oitenta por cento do custo de produção da piscicultura é com a ração e produtores ainda enfrentam entraves para conseguir licenças ambientais. Por conta do aumento no preço do milho e farelo de soja no mercado interno, a alimentação animal ficou até 25% mais cara, chegando a R$ 32 a saca de 25kg. O acréscimo não deve ser repassado ao consumidor final. As informações são da presidente da Associação dos Aquicultores de Mato  Grosso (Aquamat), Maria da Glória Bezerra Chaves, que participa em Cuiabá da Semana do Peixe. A expectativa do setor é que o Plano Safra da Piscicultura a ser anunciado este mês pelo Ministério da Pesca e Aquicultura ajude o setor a incrementar a produção e adquirir ração.

Mato Grosso conta com cerca de um mil piscicultores e cerca de três frigoríficos. Nas feiras, o quilo do peixe é vendido em média a R$ 9. O produtor reclama que recebe até 15% do valor do quilo do pescado comercializado nesses locais. “Recebemos entre 10% e 15%, dependendo do peixe, do valor vendido na feira, ou seja, se o quilo é R$ 10 apenas R$ 1 é o nosso pagamento”, diz Maria da Glória.

Além do problema de remuneração, a presidente da Aquamat destaca as barreiras para se obter a licença ambiental obrigatória para se atuar no mercado. “Há produtores rurais com área para tanque ou até mesmo aqueles que querem ampliar e não conseguem devido a demora para conseguirmos a licença ambiental”.

MAIS ENTRAVES

Os piscicultores ainda ressaltam os gastos obtidos na compra de alevinos, já que os peixes de tanque são híbridos e não se reproduzirem, lembra Maria da Gloria. O alevino do tambacu, conforme ela, custa R$ 0,15 enquanto do pintado R$ 1,50. “Ainda temos de enfrentar as perdas, pois de um mil alevinos no viveiro cerca de 800 sobram, no caso do tambacu, pois o clima influência, bem como os pássaros que o sobrevoam. O tempo de crescimento do peixe para o consumo é de um ano”.

Segundo a presidente da Aquamat, mesmo diante das dificuldades o setor consegue manter-se. “Rebolando, mas conseguimos. Basta ter planejamento. Tanto é que deveremos produzir 40 mil toneladas de peixe este ano, volume superior as 36 mil de 2011. Somente a Aquamat, com seus 104 piscicultores, deve produzir 70% do volume de 2012. A produção poderia, inclusive, ser maior se houvesse mais frigoríficos no Estado. Temos apenas três, o Nativ, Centro-Oeste Pescado e Casa do Peixe”.

PLANO DE SAFRA

Para o Plano Safra da Piscicultura 2012/2013 serão liberados R$ 6 bilhões pelo governo federal através do Ministério da Pesca e Aquicultura, contudo, ainda não se sabe quanto virá para Mato Grosso, conforme a superintendente federal do Ministério no Estado, Marlene Assunção. “Somente após o lançamento saberemos quanto será destinado a Mato Grosso”.

A superintendente comenta que no dia 14 o ministro da pesca, Marcelo Crivella, estará em Cuiabá para uma reunião com o governo do Estado e o setor para definir um planejamento estratégico da piscicultura em MT. “Não sabemos de fato quantos produtores há no Estado. É preciso definir políticas públicas para buscar o fomento do setor e ampliar o consumo, que no Brasil é de 9 quilos per capita ano, quando em países desenvolvidos é de 17 quilos.

Ampliando a produção, o consumo aumenta. Hoje, enquanto você paga R$ 5 por um quilo de carne bovina, que  dá para fazer três refeições, com o peixe se paga R$ 12 em média o quilo e dá uma refeição”.

Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br