A acidificação do oceano, uma das consequências das mudanças climáticas, pode reduzir o instinto de sobrevivência dos peixes e expô-los aos seus predadores. Segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Climate Change, os animais se sentem atraídos pelo cheiro do predador quando vivem em águas mais ácidas, isto é, quando o pH é menor que 7. A pesquisa foi feita em conjunto pelo Instituto Australiano de Ciência Marinha, Universidade James Cook, Instituto Georgia de Tecnologia e Sociedade Nacional Geográfica, todos na Austrália.
O estudo analisou o comportamento dos peixes nos recifes de corais situados em frente à costa de Papua Nova Guiné. Essa região do Oceano Pacífico é naturalmente ácida, num nível que os estudiosos acreditam ser comparável ao dos oceanos de todo o planeta ao fim deste século.
Nessa condição, os cientistas descobriram que os peixes mudam o seu comportamento. “Normalmente, os peixes evitam o cheiro de um predador, mas neste caso eles se sentem atraídos por ele”, explica um dos autores da pesquisa, Philip Munday, professor da Universidade James Cook. Além disso, esses animais se afastam de seu refúgio. “Essa é uma conduta arriscada para sua sobrevivência, porque eles se tornam facilmente detectáveis por um predador.”
Cerca de 30% do dióxido de carbono emitido à atmosfera pela atividade humana é absorvido pelos oceanos, o que faz com que eles se tornem mais ácidos. Segundo Munday, os peixes da região estudada não conseguiram se adaptar a essa acidez, apesar de terem vivido toda a sua vida expostos a níveis elevados de dióxido de carbono. “Não sabemos se essa adaptação será possível nas próximas décadas, caso a acidificação do oceano continue aumentando”, diz.
(Com AFP)
Oceano mais ácido confunde instinto de sobrevivência dos peixes, diz estudo
Em águas ácidas, peixes se sentem atraídos pelo cheiro dos seus predadores e perdem o instinto de sobrevivência
Fonte: http://www.marataizes.com.br