A preocupação com a estiagem continua no Sudeste. A represa de Furnas, no sul de Minas Gerais, está em um nível crítico, o que afeta a produção de peixes, que já caiu pela metade. A situação é desanimadora para os criadores, justamente em uma época que há aumento nas vendas, como a Semana Santa.
O lago do reservatório da usina hidrelétrica de Furnas banha 34 municípios do sul de Minas Gerais. As águas da represa também são aproveitadas para a piscicultura no sistema de tanques rede, onde as gaiolas cercadas por telas ficam submersas.
O criador de peixes Giovani Ricci chegou a produzir dez toneladas de tilápias por ano em 15 tanques redes que montou em frente à propriedade, no município de Alfenas. Hoje, com o reservatório muito abaixo do nível normal, ele teve que abandonar a criação de peixes. “A água onde eu tava criando secou tudo. Não tem mais. Está vazio mesmo”, diz.
Atualmente, o lago de Furnas está com apenas 20% do volume útil de armazenamento. Em Alfenas está concentrado um grande número de criadores. Nos últimos dois anos, a produção da região caiu pela metade. E as previsões para esse ano não são nada otimistas.
“Os piscicultores estão reduzindo a quantidade de gaiola na água devido à instabilidade do nível do reservatório. Muitos produtores estavam mais nas cabeceiras da represa. Na medida em que o nível vai baixando, o nível do reservatório não é suficiente para conservar essas gaiolas”, diz Fernando Donizete Lino, agrônomo da Emater/MG.
No caso da tilápia, o sistema de tanques rede consegue produzir até 150 quilos do peixe por metro cúbico. Uma gaiola deve ser colocada em uma área com pelo menos três metros de profundidade para garantir a saúde da produção. Quando o nível de água começa a baixar no lago, os piscicultores precisam mudar os tanques de lugar para que os peixes não morram por falta de oxigênio.
Com o nível de água tão baixo, o criador Denilson Gomes perdeu pelo menos 20 mil quilos de peixes só este ano. Ele tinha 70 tanques em 2013. Hoje, está só com 30 gaiolas que tiveram que ser deslocadas para um local mais fundo no lago, a um quilômetro de distância da propriedade. Se a água continuar a baixar, o trabalho vai ficar ainda mais difícil.
“Não estou pondo mais peixe porque vai chegar em agosto e setembro, quando entra a seca, é a água não subiu o suficiente. Daí, a gente vai ter muita perca de peixe”, diz Gomes.
Segundo a associação dos municípios banhados pelo lago de Furnas, cerca de 350 criadores já abandonaram a atividade por causa do baixo nível da água.
Fonte: http://g1.globo.com/