Municípios de Mato Grosso preveem que peixe dará faturamento equivalente a soja

Municípios de Mato Grosso preveem que peixe dará faturamento equivalente a sojaDois ministros de estado, Eduardo Lopes, da Pesca e Aquicultura, e Neri Geller, da Agricultura, além do governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, entre outras autoridades, prestigiaram nesta terça-feira (29) a inauguração da maior planta frigorífica de peixes nativos do Brasil, em Primavera do Norte, distrito do município de Sorriso, a 400 quilômetros da capital Cuiabá. A unidade de beneficiamento de pescado foi implantada pela empresa Delicious Fish, do empresário João Pedro da Silva, tradicional produtor de soja da região.

Para o ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes, o empreendimento confirma que “o lugar do Brasil é estar entre os maiores produtores de pescado do mundo”. Após destacar o trabalho incansável dos produtores da região de Sorriso, que tornaram o município o maior produtor mundial de soja e agora almejam que ele seja uma referência em piscicultura, ele recordou o potencial local para a produção de peixes como tambaqui e pintado.

A previsão é de que apenas os municípios de Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde tenham condições de produzir 600 mil toneladas de pescado por ano, o equivalente a 60% da atual produção aquícola nacional.

Alta rentabilidade

Construído com o apoio do BNDES, o frigorífico da Delicious Fish possui 4.800 m2 de área coberta e capacidade para beneficiar 40 toneladas de peixes a cada turno de oito horas.

O empreendimento é estratégico para os produtores de soja de Sorriso e municípios vizinhos aproveitarem 2,4% das áreas degradadas da região para produzir peixe. O pescado cultivado será beneficiado pelo frigorifico, como parte de uma cadeia produtiva que inclui laboratório para produção de alevinos e fábrica de ração, com grãos produzidos na região.

De acordo com a empresa de consultoria Genetic Fish Rise, o cultivo de pescado demandará ao todo 30.790 hectares de lâmina d’água, enquanto a área destinada a soja, apenas em Sorriso, ocupa uma área de 650 mil hectares. Apesar disso, o faturamento na produção de peixe e soja, conforme o programado, será praticamente o mesmo. Em Sorriso, por exemplo, a soja apresenta um faturamento anual da ordem de R$ 575 milhões. Mesmo ocupando uma área muito menor, a piscicultura deverá faturar R$ 552 milhões por ano, ao obter uma produção média de 20 toneladas de pescado por hectare.

“A piscicultura é uma alternativa econômica muito forte para a região”, disse na ocasião o ministro da Agricultura, Neri Geller. A atividade irá representar um novo e promissor mercado para a soja e o milho da região, que apresentam no local um dos mais baixos custos do País. Já a ração representa cerca de 70% dos custos para a manutenção dos criatórios de pescado. Assim, existe forte sinergia entre as duas atividades.

Licenciamento ambiental

O governador Silval Barbosa, de Mato Grosso, deu ontem uma boa notícia aos produtores rurais do estado interessados em trabalhar com piscicultura. Segundo ele, o estado irá descentralizar para os municípios o licenciamento ambiental para os projetos no setor. A iniciativa contribuirá para tornar o licenciamento mais ágil, sem comprometer o meio ambiente, como querem os próprios produtores da região de Sorriso. Afinal, a criação de pescado é mais produtiva em águas limpas e de boa qualidade.

Após a inauguração da fábrica de beneficiamento de pescado em Sorriso, os dois ministros se dirigiram a Nortelândia, também no estado, para conhecer o Centro de Capacitação e Difusão de Tecnologias em Agricultura Familiar do município. O ministro Eduardo Lopes se comprometeu a apoiar os produtores rurais familiares da região no desenvolvimento de um projeto que abrangerá desde capacitação até comercialização em piscicultura. O projeto envolverá ao todo 15 municípios da região.

Fonte: http://www.mpa.gov.br