Pesquisadores e movimentos ambientais estão novamente em alerta. Após ter se alastrado para os rios das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o Mexilhão Dourado chegou também ao Nordeste.
A presença do molusco foi confirmada em outubro, na divisa entre a Bahia e Pernambuco, no reservatório de Sobradinho e no canal de transposição do rio São Francisco.
A descoberta foi feita pela equipe de pesquisadores do Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras (CBEIH) e da Cemig que esteve no reservatório para confirmar a ocorrência do mexilhão-dourado na Caatinga Brasileira. O Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras é um projeto da Cemig em parceria com o Cetec.
Para saber outras informações acesse o site: http://www.cbeih.org.br.
“Para a região que já sofre com a falta de água, a chegada do molusco pode provocar um problema maior”, alerta o pesquisador do Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas – CBEIH, Newton Barbosa. No reservatório de Sobradinho foram encontradas larvas e adultos indicando que o mexilhão já está bem estabelecido na região.
Grandes projetos de captação de água estão em andamento, principalmente no Eixo Norte do canal de transposição do Rio São Francisco, a aproximadamente 150 km do reservatório de Sobradinho. O eixo do canal de transposição irá levar água para diversos açudes do Nordeste, tais como o açude de Entremontes, próximo ao estado de Pernambuco.
“A presença destes organismos nestas localidades é grave, pois afetará a captação de água pelas comunidades, porque o molusco encrusta nos canos causando entupimento. É extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas desde já”, alerta Barbosa.
Diferente de como chegou ao Sul do Brasil em 1998, de modo acidental, na água de lastro de navios cargueiros, o mexilhão pode ter sido introduzido no Rio São Francisco no momento de soltura de alevinos. “Suspeitamos que no momento de soltura dos alevinos, a larva do mexilhão que facilmente é confundida com uma alga deveria estar junto. A soltura de alevinos faz parte da atividade de piscicultura na região”, explica o pesquisador.
Originária do Sudeste Asiático, a espécie Limnoperna fortunei chegou à América do Sul, em 1991, pelo porto de Buenos Aires, por meio das águas de lastro dos navios e se disseminou a partir do Rio da Prata.
Fiscalização
Para o pesquisador do Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas – CBEIH, Newton Barbosa, é importante o reforço na fiscalização e a conscientização de quem lida com qualquer atividade no rio, da pesca até o mergulho.
“É importante fiscalizar a soltura de alevinos, além dos barcos. Sem saber, o pescador pode transportar no casco, as larvas do mexilhão. Até uma roupa ou equipamento para mergulho deve ser bem lavada”, ensina Barbosa.
Segundo ele, a única forma de retirar o mexilhão de qualquer local é manual. Depois deve ser feita dedetização com água clorada. “Não tem como exterminar, mas tem como controlar com técnicas de detecção rápida do DNA e da presença do molusco na bacia”, explica.
Confira algumas dicas para evitar a propagação do molusco:
Prejuízos
Dentre os prejuízos econômicos causados pelo mexilhão-dourado está a obstrução nas tubulações e filtros das estações de tratamento de água; de refrigeração de indústrias; de unidades geradoras de energia e de sistemas contra incêndios.
Também trazem impactos ambientais como a alteração da cadeia alimentar aquática das áreas afetadas, podendo também desencadear florações de cianobactérias e o deslocamento de espécies nativas de peixes e outros organismos. “O mexilhão dourado se reproduz rapidamente, não possui predador natural e compete na alimentação com algumas espécies nativas de moluscos”, explica Barbosa.
Presença do Triângulo Mineiro
Na bacia do Rio Grande, no Triângulo Mineiro, o mexilhão-dourado foi identificado pela primeira vez, em outubro de 2011. Em 2012, o molusco foi encontrado nas Usinas Hidrelétricas de Mascarenhas de Moraes (Peixoto); Marimbondo e Luiz Carlos Barreto de Carvalho (Estreito); sendo estas quatro usinas situadas no Rio Grande entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo.
Desde então, a Cemig já investiu mais de R$10 milhões no combate ao mexilhão-dourado – com monitoramentos, pesquisas e campanhas de educação socioambiental.
Fonte: http://www.farolcomunitario.com.br/