Um recente estudo afirmou que a quantidade de plástico nos oceanos superará a de peixes. Mas como medir com precisão o volume de ambos?
Um estudo recentemente divulgado pela Fundação Ellen MacArthur e pelo Fórum Econômico Mundial alertou que em 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixes.
O estudo, chamado “The New Plastics Economy” (A Nova Economia do Plástico, em inglês) traçou a estimativa baseando-se no peso, ou seja, comparando toneladas de peixe e de plástico existentes nos oceanos. O estudo não citou números, mas criou um diagrama prevendo que, até 2050, a proporção de plástico por peixe será “maior do que 1:1” em peso.
No entanto, o estudo lançou uma polêmica: como seria possível contabilizar com tal precisão a quantidade de plástico e peixes nos mares?
Para traçar a estimativa, o estudo levou em conta outro estudo, feito em 2015 por Jenna Jambeck, pesquisadora e professora da Universidade da Georgia, EUA. No estudo ela estima que haverá 750 milhões de toneladas de plástico nos oceanos até 2025. Porém, a maior crítica em relação ao estudo de Jenna é o fato de usar apenas um lugar como referência para estimar a quantidade de plástico que vai parar nos oceanos: a Baía de são Francisco, nos EUA.
“Isso não representa o resto do planeta, então você pode ver o potencial para grandes divergências neste cálculo”, disse o professor Callum Roberts, da Universidade de York, na Grã-Bretanha.
No entanto, foram essas as informações usadas pela Fundação Ellen MacArthur, que apenas estendeu as projeções do estudo de Jenna de 2025 até 2050. Já para calcular a quantidade de peixes, a fundação se baseou em outro estudo, feito em 2008, por Simon Jennings, do Centro para Meio Ambiente, Pesca e Ciência da Aquacultura do Reino Unido.
O estudo de Jennings usou imagens de satélite para medir a quantidade de fitoplâncton presente nos oceanos. Essas plantas microscópicas têm um importante papel na cadeia alimentar dos peixes e podem ser analisadas via satélite, já que alteram levemente a coloração da superfície do mar em áreas cuja presença é abundante. A partir deste estudo, a Fundação Ellen MacArthur calculou-se que até 2050 haverá 899 milhões de toneladas de peixes nos oceanos.
O problema é que em 2015, o próprio Jennings afirmou que seu estudo pode estar equivocado e que a quantidade de peixes, na verdade, pode ser muito maior. “No momento não temos confiança absoluta em nossos métodos para determinar qual a proporção desse volume é formada de peixes. É um número muito incerto para prever”, disse o pesquisador.
Após a polêmica, a conclusão que se chegou é que é impossível determinar qual será o volume de peixes e plástico nos mares em 2050. No entanto, uma coisa é certa: o plástico que chega aos oceanos leva bastante tempo para se decompor e o volume lançado está em constante crescimento.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br