Falta de planejamento vai afetar a oferta de tilápias no segundo semestre
Em fevereiro deste ano escrevi um texto em meu blog e o finalizei dizendo o seguinte “Não é momento para dúvidas, é momento de investir e acreditar que temos uma atividade segura e que, com certeza, será brevemente uma das mais importantes cadeias produtivas do agronegócio brasileiro, gerando emprego e renda para o Produtor e divisas para o nosso País. Portanto, pé no acelerador.”
Era um momento de crise de liquidez na comercialização de peixes gordos, o que estava levando a um “efeito cascata”, altamente negativo em toda cadeia produtiva do peixe. No mercado de alevinos em especial, a falta de mercado forçou grande parte dos produtores a desacasalarem seus reprodutores por não terem onde estocar mais seus alevinos e juvenis prontos para venda.
Com exceção de grandes empresas e alguns produtores que mantiveram suas políticas de comercialização, mesmo com redução de preços, e povoamentos de seus tanques, seguindo à risca seus planejamentos de produção, a maioria absoluta dos engordadores ou terminadores de peixe não seguiram este exemplo, talvez por questões involuntárias, ou por falta de experiência, ou por algum outro motivo.
Já no último dia 8 de março publiquei outro texto em meu blog onde fiz uma previsão escrevendo o seguinte: “Como já temos insistido em nossas últimas publicações, muitos produtores têm optado pelo caminho equivocado de botar o pé no freio, neste momento de baixa liquidez de mercado e reduzindo ou até eliminando seus cronogramas de povoamento, provocando um efeito cascata negativo em toda a cadeia produtiva, pois agora com o início da reação do mercado, mesmo que tardia, os produtores estão começando a vender seus estoques de peixes gordos, porém vão povoar seus tanques em abril, maio e junho, ou até mais tarde.
O que vai ocorrer? Uma falta de peixe gordo entre agosto de 2019 e janeiro de 2020. Minha previsão é: quem manteve suas políticas de povoamento inalteradas vai aproveitar este momento de falta de produção e vai poder ganhar dinheiro; quando o mercado voltar a se estabilizar, vão estar capitalizadas, Lei de Mercado, com suas marcas consolidadas e clientes, fornecedores e parceiros fidelizados. Isso é Planejamento.”
É o que está acontecendo neste momento, o mercado reagiu, mesmo com um preço mais baixo a maioria dos produtores vendeu seu peixe gordo, impulsionado pelo período da quaresma e Semana Santa, e a partir de abril iniciaram novamente a procurar alevinos para povoar seus tanques. Os produtores de alevinos desacasalaram seus reprodutores no pico da safra (dezembro, janeiro e fevereiro) por falta de mercado, neste momento, nas regiões Sul e Sudeste, é muito difícil reiniciar a reprodução devido às quedas de temperatura, esses alevinocultores que ainda possuem algum estoque de alevinos vão dar a preferência em atender aqueles clientes que mantiveram suas políticas de povoamento no período de baixa liquidez, e creio que estão mais do que corretos.
Neste contexto reafirmo minha previsão, entre agosto de 2019 e janeiro de 2020 vai faltar peixe gordo no mercado de tilápias no Brasil e somente quem manteve suas políticas de povoamento e seguiu seu Planejamento à risca vai poder se aproveitar deste período de mercado mais favorável.
Fonte: http://www.seafoodbrasil.com.br
autor: Ricardo Pereira Ribeiro – 27 de maio de 2019