Do pescador à mesa das famílias, preço do peixe fica 40% mais caro em Manaus

Ganhos de atravessadores e custos com transporte estão entre as razões para valor mais alto.

Manaus – Tradicional prato da culinária amazonense, o peixe regional chega ao consumidor final 40% mais caro desde a pesca. Isto acontece porque ele passa por uma cadeia produtiva que envolve pelo menos cinco intermediários desde o pescador até chegar à mesa das famílias.

O primeiro ponto da cadeia é o pescador. É também ele o que tem menos lucro, já que, na retirada dos peixes, se incluem gastos com equipamento, óleo diesel e manutenção.

O presidente da Federação dos Pescadores do Estado do Amazonas (Fepesca), Walzenir Falcão, explica que entre outros gastos, ainda existe o transporte. De acordo com ele, caso houvesse lugar adequado para armazenagem, os pescadores poderiam recuperar o que hoje perdem para os atravessadores. “O que aumenta muito o custo é a intermediação de negócio, porque passa por uma rede de pessoas até chegar ao consumidor. É uma perda de 40%”, disse.

Seguindo a cadeia, aparece também na lista o despachante. Na maioria das vezes, é ele quem compra o peixe de um outro comerciante. O despachante Washington Carvalho adquire os animais no comércio de municípios como Carauari e Fonte Boa. Segundo ele, o quilograma (kg) do tambaqui sai por R$ 12, repassado às feiras por R$ 15.

pescados

Ganhos pequenos

Há 30 anos no mercado, o feirante Sidney Santana sabe bem o quanto o produto pesa no bolso. O valor do quilo do tambaqui é R$ 10 nas poucas ocasiões em que vem direto do pescador. Quando passa pelo atravessador, o mesmo peixe sai por R$ 15. “Se eu compro um tambaqui de13 kgdo despachante por R$ 195, vendo por uma faixa de R$ 250. Mas, em cima desse gasto, temos o canoeiro, o carregador, os ajudantes, a taxa que eu pago na banca, a embalagem, ou seja, 90% são só gastos. Aí meu lucro é de 5,10 reais”, explicou o feirante.

O feirante destaca, ainda, que é comum a troca de peixes por produtos industrializados, prática que lembra o escambo, muito utilizado durante a colonização do Brasil. “Existe muito pescador que troca o peixe por rancho, gelo e diesel. Ele não ganha dinheiro em si, mas troca por produtos que usa no dia a dia”, explica Santana.

Outros peixes

Outros peixes comuns na culinária do amazonense também apresentam um ganho no valor durante a cadeia produtiva. O feirante Frank Dias, que vende 12 jaraquis por R$ 10, afirma que compra o cento de despachantes na Feira da Panair, no Centro, zona sul de Manaus.

O feirante reclama que, segundo ele, “quase não tem lucro” por causa do custo com transporte e com ajudantes. No caso do pacu, o aumento é semelhante. Na feira, o preço médio de 12 peixes sai por R$ 20.

Fonte: http://www.d24am.com