Demanda por Aquarismo cresce no Brasil

Demanda por Aquarismo cresce no BrasilOs peixes são a quarta categoria de animais de estimação mais comuns no Brasil, atrás apenas de gatos, aves e cães, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2015). São 18 milhões de peixes ornamentais criados no país. Pouca gente sabe, mas o Médico Veterinário também cuida do bem-estar e sanidade dos peixes ornamentais, embora poucos profissionais da Medicina Veterinária se interessem pela área, que está sendo dominada por Biólogos, Engenheiros Agrônomos e Engenheiros de Pesca.

Um projeto do Méd. Vet. Fabrício de Oliveira Pereira, com apoio do CRMV-GO e Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), pode mudar esse cenário. Ele trabalha na formatação de um curso sobre Responsabilidade Técnica em Aquarismo, que deve ser ministrado em todo Brasil com o objetivo de treinar os profissionais e atrair mais Médicos Veterinários para o segmento. Os trabalhos devem começar ainda este ano. A demanda por peixes ornamentais vem crescendo no país. Somente em Goiânia, segundo Fabrício, existem cerca de 15 lojas especializadas em aquariofilia, além de pet shops que estão investindo na atividade, situação que não ocorria há 10 anos. Ele, que é Médico Veterinário formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) com especialização em Anatomia Patológica e Mestrado em Sanidade Animal, trabalha na área de sanidade aquícola e peixes ornamentais desde 2007. É funcionário da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) e sócio/consultor de uma empresa de aquarismo, com foco na exportação.

Evolução do segmento

Segundo o Médico Veterinário, o mercado de aquarismo desenvolveu tanto, que hoje é possível encontrar equipamentos modernos a preços acessíveis que auxiliam na manutenção da qualidade de água e na filtração do aquário. Alguns dispositivos exigem do aquarista somente cerca de meia hora por semana de atenção para limpeza dos equipamentos e troca de uma parte da água, poupando os donos de peixes do trabalho árduo de limpeza pesada das pedras, vidros e acessórios, como acontecia há algum tempo. Com estes equipamentos modernos, evolução nas técnicas de produção, manutenção de peixes e ainda melhoramento das rações utilizadas, observa-se atualmente um aumento significativo na expectativa de vida dos animais mantidos em aquários. Existem mais de 300 espécies de peixes ornamentais disponíveis no mercado. Os mais procurados no Brasil são os mais populares: Espada (Xiphophorus hellerii), Carpa (Cyprinus carpio), Paulistinha (Danio rerio), Guppy (Poecilia reticulata), Betta (Betta splendens), Acará Bandeira (pterophullum scalare), entre outros.

O Médico Veterinário explica que várias pessoas querem ter um aquário, hobby cada dia mais praticado no mundo todo, principalmente para desestressar, entretanto, os interessados não procuram orientação adequada. Com isso, vários aquários apresentam superpopulação de animais ou não observam os parâmetros de água indicados para as espécies criadas, como o pH (potencial hidrogeniônico) e temperatura, situação que pode gerar a morte dos peixes. Existem espécies que não podem conviver com outras por causa do temperamento, explicou, já alguns peixes precisam de certo de tipo de pH, ou seja, índice de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução aquosa. Se a água não estiver dentro dos padrões ideais da espécie, o animal fica desconfortável, não apresentará suas cores vivas normais, pode adoecer facilmente e em casos mais graves acaba morrendo bem rápido. “É por causa desse desconhecimento que as pessoas afirmam que aquário dá muito trabalho e que os peixes vivem pouco tempo, quando na verdade existe é um manejo inadequado”, completou Fabrício. O ideal é o interessado adquirir os animais em lojas especializadas em aquarismo que possuem um responsável técnico e registro no CRMV.

Alimentação

A alimentação é outro fator importante. O proprietário precisa alimentar os peixes diariamente com quantidade suficiente para não faltar nutrientes na sua dieta alimentar ou acarretar sobras, que podem gerar queda na qualidade da água, como explicou Fabrício. Ele ressalta as inúmeras ofertas de rações para aquariofilia existentes no mercado atualmente, além de toda a tecnologia disponível para o conforto do dono e dos peixes, que embelezam muitos ambientes comerciais e residenciais.

Os estabelecimentos que importam e comercializam peixes ornamentais devem funcionar, obrigatoriamente, sob a supervisão de um Responsável Técnico (RT), como ressaltou o Méd. Vet. Eduardo de Azevedo, presidente do Grupo de Trabalho em Aquicultura do CFMV, criado em novembro do ano passado. Segundo ele, o Médico Veterinário devidamente capacitado na parte de doenças de animais aquáticos pode contribuir para diminuir as perdas por enfermidades e contaminação, uma vez que detém todo o conhecimento, que leva ao raciocínio em sanidade e não apenas em patologia. Aguarde mais informações sobre esse projeto de RT em Aquarismo. Em breve publicaremos mais atualizações.

Mercado pet e sua relação com aquariofilia

A aquariofilia faz parte do chamado “Mercado Pet”, um segmento econômico que tem crescido em todo o mundo. No geral, os países mais desenvolvidos e urbanizados tendem a possuir uma população maior de peixes ornamentais que os países mais pobres, que por sua vez, possuem uma população de pets composta majoritariamente por cães e gatos. O assunto foi capa da Revista Panorama da Aquicultura, edição n° 154, de março/abril de 2016, uma publicação segmentada sobre cultivos aquáticos, boa sugestão de leitura para os profissionais que pretendem ingressar na área.

A tendência, segundo a publicação, é que com o aumento da renda dos brasileiros, associada ao nosso quadro demográfico que demonstra que as pessoas estão morando cada vez mais em apartamentos, a estrutura da população de pets do Brasil sofra mudanças se aproximando do cenário mundial. Hoje, no Brasil, temos 52 milhões de cães, 22 milhões de gatos, 18 milhões de peixes, 37 milhões de aves e 2,2 milhões de répteis e pequenos mamíferos. Já no cenário mundial existem mais peixes ornamentais criados como pets: são 360 milhões de cães, 271 milhões de gatos, 655 milhões de peixes, 205 milhões de aves e 70 milhões de répteis e pequenos mamíferos. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br