Os peixes ornamentais viraram fonte de renda para agricultores familiares da Zona da Mata. Na região existem criadores que abandonaram a vida na cidade para investir no segmento. A criação de peixes tem se tornado uma produção rentável em Barão do Monte Alto. Os criadores geram uma receita de R$ 750 mil para a cidade e conquistam espaço no mercado com vendas para outros estados.
O piscicultor Jardel Rezende tem uma área de dois hectares utilizados para a criação de peixes ornamentais na cidade.O ex-mecânico de motocicletas viu no peixe beta, uma opção rentável para cuidar da família. São cerca de 120 tanques de cultivo que produzem 500 peixes por semana. Cada unidade do macho é vendida por R$ 1, enquanto o preço das fêmeas não passa de R$ 0,20. Os principais mercados são Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. “Estou trabalhando no melhoramento genético para ter mais machos na criação. Atualmente são 60% de fêmeas e 40% de machos”, explicou Rezende.
O tamanho padrão do beta para comércio varia de oito a dez centímetros. São peixes de várias cores, porém, o vermelho e o azul têm as maiores demandas, segundo o criador. Um detalhe no animal faz toda diferença.Quanto mais aberta for a cauda, melhor é o peixe. O meio ambiente é outra preocupação do piscicultor, que usa garrafas pet para colocar cada um dos peixes. O recipiente é furado na parte de baixo e são feitos furos para a entrada da água. Uma tecnologia que dá resultado.
Segundo o extensionista agropecuário da Empresa Brasileira de Extensão Rural (Emater) Cristiano Silva, o município comercializa um milhão de peixes beta por ano, uma receita de R$ 750 mil, os 30 produtores locais são da agricultura familiar. Ainda de acordo com o extencionista, com pouco espaço, dedicação e tecnologia, é possível transformar a atividade na principal fonte de renda.
Outro município que despertou a vocação para os peixes ornamentais é Patrocínio do Muriaé, também na Zona da Mata. Um levantamento da Emater apontou que são produzidos dois milhões de peixes beta por ano na região. De acordo com o extensionista agropecuário Maurílio Oliveira, o beta gosta de calor e de pouca água. A adaptação ao clima da cidade foi essencial para o sucesso da atividade que reúne atualmente 80 produtores. Para o extensionista, trocar a água nos tanques de 15 em 15 dias, é um dos princípios para a produtividade. “É importante a realização do processo de limpeza para produzir microorganismos para servir de alimentação para o peixe”, disse Maurílio.
Segundo o piscicultor Ronaldo Vilela, os peixes precisam ser separados em estufas para preservar as caudas. Criador de peixes beta há nove anos, Ronaldo tem cerca de 200 tanques de cultivo e gasta semanalmente um saco de ração que custa R$ 60. Por semana, são vendidos de dois a três mil peixes para todo o Brasil, principalmente, São Paulo. No inverno, a produção tende a cair e, por isso, as estufas são importantes.
Segundo o piscicultor, elas ajudam a garantir a produção em larga escala o ano todo.
A organização da reserva legal, que determina que ao menos 20% da área total da propriedade sejam destinadas as matas, e o registro no Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), são algumas das exigências ambientais para a atividade. Se descumpridas, podem gerar multas aos produtores.
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