Criação de alevinos é alternativa de produção nos vales do Taquari e Rio Pardo

Criação de alevinos é alternativa de produção nos vales do Taquari e Rio PardoO número de piscicultores especializados neste tipo de produção – apenas cinco, somando-se as duas regiões – é significativo em termos de Rio Grande do Sul, o que representa grande potencial de mercado para este segmento, sendo aspecto imprescindível para a produção de pescado cultivado que, na Semana Santa, apresenta tradicionalmente o maior volume de comercialização do ano.

Sempre que se pensa em piscicultura, vêm à mente aquele produtor chamado tecnicamente de “terminador”, ou seja, o que trabalha as etapas que envolvem o crescimento do peixe e que desencadearão no processo que levará o mesmo peixe para a mesa do consumidor. E com tantos programas desenvolvidos pelo Governo do Estado – Irrigando a Agricultura Familiar e RS Pesca e Aquicultura, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), e Mais Água Mais Renda, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa) – a tendência é de ampliação desse mercado para os próximos anos.

E como fica o produtor de alevinos nesse contexto? O assistente técnico regional em Piscicultura da Emater/RS-Ascar de Lajeado, João Alfredo de Oliveira Sampaio, garante haver aí um mercado em potencial para ser explorado, especialmente pelo envolvimento indireto do criador de alevinos com os programas citados. “Até o final do atual governo, serão cerca de quatro mil produtores utilizando o Plano Safra para a obtenção de recursos voltados à piscicultura”, enfatiza. “E muitos deles prescindirão das espécies menores para a viabilidade das suas produções”, afirma.

Dessa forma, Sampaio avalia o mercado como atraente, com possibilidade de crescimento e com boa lucratividade. Ainda mais se for levado em conta o processo de especialização pela qual o produtor de alevinos tem passado nos últimos anos. “Até os anos 80, o mesmo produtor que criava alevinos era também, em muitos casos, o terminador, o que nem sempre era a garantia de um desfrute positivo em termos de peso final”, explica. “Na época, havia as carpas comuns e outras poucas espécies à disposição. A partir desse período, houve grande avanço com a disponibilidade das carpas chinesas – capim, prateada, húngara e cabeça-grande – que possibilitaram a criação em policultivo.”

Hoje, com a divisão de tarefas dentro dos diversos processos produtivos, o criador de alevinos pode dedicar-se a investimentos maiores em tecnologia –como é o caso de laboratórios mais bem equipados – o que resultará em um melhor produto entregue para o consumidor final. “No fim das contas toda a cadeia se beneficia. Com peixes maiores no mercado a demanda por parte do consumidor aumenta, o piscicultor tem melhor desempenho das suas espécies e, consequentemente, lucra mais, e o criador de alevinos, com o bem elaborado trabalho genético, também se fortalece”, avalia Sampaio.

A disponibilidade de outras espécies alternativas, como é o caso de jundiás, piavas, lambaris, traíras e tilápias, também valorizam o processo de produção. “Com o avanço da produtividade e das especializações na cadeia de pescado, surgem necessidades como a formação técnica, o planejamento, a elaboração de projetos e o licenciamento ambiental para as propriedades”, conclui.

Aumento da demanda em 2013

O produtor Günter Dalferth, de Linha Harmonia, em Teutônia, afirma estar satisfeito com o aumento da demanda por alevinos, desde o final de 2012. Com 31 viveiros – fora os outros 37, mantidos em Fazenda Vilanova – em sua propriedade, espera vender mais de dois milhões de cabeças até o mês de março, época em que ocorre o término da desova. “No ano passado tivemos muitos problemas por causa da estiagem, que reduziu a procura”, enfatiza.

Apesar de a procura por peixe ser maior durante a Semana Santa, Dalferth acredita que esteja ocorrendo um aumento do consumo de pescados também durante o ano. “As pessoas estão mais conscientes da importância de uma alimentação saudável”, avalia. “Fora os casos de orientação médica ou mesmo de colocação na merenda escolar como alternativa para os alunos”, diz. Trabalhando exclusivamente com alevinos, o produtor recebe a ajuda da esposa e de mais dois empregados. “Trabalhar com peixes é muito prazeroso. E acompanhar todo o processo, desde a desova até a venda, é muito gratificante.”

Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br