Consultor da FAO faz diagnóstico sobre panga no Brasil para dar subsídio à Seap

panga

por Fabi Fonseca

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura do Brasil (Seap) selecionaram o engenheiro de pesca e consultor em piscicultura de espécies exóticas Max Joel Mucha Franco para entender melhor a cadeia produtiva do pangasius no País.

Franco terá a incumbência de desenvolver estudos sobre potencialidades e riscos na piscicultura do panga dentro do Termo de Referência – TR 144, firmado por várias entidades, como a Seap e a FAO, ainda no âmbito do extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).

Popularmente conhecido como panga, o Pangasius hypophthalmus vem ganhando espaço na piscicultura nacional e entrou na lista de estudo das instituições. Para compreender melhor a cadeia produtiva, a FAO e a Seap focam a consultoria principalmente em São Paulo, onde há a maior quantidade de produtores. O Estado foi o primeiro a regulamentar a criação da espécie a ser explorada comercialmente para consumo humano.

De acordo com o engenheiro, o relatório vai ajudar os produtores do pescado, pois engloba várias questões importantes, como: levantamento da situação de produção aquícola e importância comercial da espécie no país, e no mundo, identificando os sistemas de produção e as tecnologias de cultivo.

Haverá um levantamento bibliográfico, relacionando aspectos zootécnicos, econômicos, social e ambiental; apontando as vantagens e desvantagens dos sistemas de cultivo e comercialização. Também está previsto um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE)que colhe dados de campo para indicadores que determinam o custo de produção até a comercialização do peixe.

O projeto conta ainda com um plano de articulação institucional da cadeia produtiva, para saber como o cultivo funciona atualmente, quem são os produtores, empresas envolvidas, associações, órgãos ambientais etc.

“Tem sido muito interessante este trabalho, a gente tenta estruturar a cadeia. Conversei com outras pessoas e futuramente vão surgir pesquisas importantes para determinar a qualidade do pescado no país, já que o panga tem uma fama ruim”, disse o consultor.

Fases do projeto
As visitas técnicas do pesquisador deverão render quatro produtos de pesquisa com os temas citados acima. Foram enviados dois relatórios preliminares e o término da consultoria está previsto para janeiro de 2019.

Para Franco, o resultado será altamente relevante: “com o auxílio dos relatórios, a Secretaria terá um respaldo técnico para a criação do panga. Atualmente ela não se posiciona contra ou a favor, e o trabalho do consultor apontando as vantagens e desvantagens auxilia no consenso”.

Gaetano Furno é presidente da Associação Brasileira de Criadores de Pangasius (ABCPanga) e acompanhou o consultor durante três dias no interior de São Paulo: “Nos dias que passamos juntos, ele [pesquisador] nos deu parecer positivo em todas as regiões visitadas”. A ABCPanga apoia a pesquisa e já ajudou na normatização do peixe no Rio Grande do Norte e Sergipe, enquanto Maranhão, Piauí e Ceará vão pelo mesmo caminho.

A doutora e professora Luciana Akemi, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), também esteve presente em algumas visitas com Franco. Coordenadora da Diretoria de Pesquisa da ABCPanga, disse à Seafood Brasil que atualmente estão realizando uma série de eventos que vão além de São Paulo.

Agenda do pangaBR
Em setembro deste ano a ABCPanga participou da Aquaciência em Natal (RN), onde a professora proferiu a palestra: “O cultivo do panga no Brasil – Realidade ou perspectiva futura?”. No próximo dia 10 de novembro acontecerá o III Workshop Brasileiro do Pangasius – Edição Maranhão, das 08h às 17 hs nas instalações do Instituto Educacional de ciência e tecnologia do Maranhão (IEMA) no Engenho Central da cidade de Pindaré Mirim.

Na sequência, a ABCPanga volta ao Rio Grande do Norte para a segunda participação na XV Feira Nacional do Camarão (Fenacam), onde realizará palestras com os temas: “Avanços Técnicos na Reprodução, Alevinagem e no Cultivo do Pangasius no Brasil” e “Viabilidade Econômica da Produção e Perspectiva de Mercado para o Pangasius no Brasil”. O evento será de 13 a 16 de novembro, das 14h às 22hs no Centro de Convenções de Natal.

A entidade programa ainda outras palestras que pretendem mostrar a viabilidade produtiva e econômica da espécie, além de apresentar possíveis linhas de crédito para produtores iniciarem a criação conforme as necessidades de cada região.

Enquanto isso, no exterior

A falta de credibilidade da espécie é mundial. Atentos a isso, a Direção Vietnamita de Pesca (D-Fish)e o WWF Vietnã lançaram em setembro deste ano um projeto colaborativo pelo Aquaculture Stewardship Council (ASC), que fornecerá orientações úteis para que os aquicultores vietnamitas obtenham a certificação ASC.

O novo benchmark ASC-VietGAP compara o padrão vietnamita de aquicultura, VietGAP, e os padrões ASC para camarão, pangasius e tilápia. Os aquicultores que obtiveram a certificação VietGAP e desejam obter o ASC agora podem se concentrar nas áreas de diferença entre as padrões, o que simplifica o processo.

Fonte: http://seafoodbrasil.com.br