Como a criação de tilápias pode aumentar a renda do produtor rural em Jaraguá do Sul

Com carne de ótima qualidade, tilápia já responde por 60,6% da produção de peixes no país – Foto: PMJS/Divulgação/ND

Com rápido crescimento e carne de ótima qualidade, a tilápia já responde por mais de 60% do volume de peixes produzido no Brasil

A produção de tilápias pode ser uma ótima alternativa de renda para o produtor rural de Jaraguá do Sul, onde o fator climático e a quantidade e qualidade das águas contribuem para o sucesso da atividade.

Além disso, o crescimento e a reprodução da espécie são rápidos, o custo de alimentação é menor quando comparado a espécies carnívoras e a carne da tilápia é de ótima qualidade.

Por essas e outras razões, a tilápia já é a espécie mais criada comercialmente no Brasil. De acordo com o Anuário Peixe BR da Piscicultura, a produção no país atingiu 486.155 toneladas em 2020, representando 60,6% do volume total de peixes produzidos.

Seu desempenho foi o melhor entre todas as espécies de peixes de cultivo e a produção cresceu 12,5% em relação ao ano anterior, quando alcançamos o total de 432.149 toneladas. A produção nacional é liderada pelo Paraná, seguida de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina (40.059 toneladas) e Mato Grosso do Sul.

Em meio a esse cenário, a atividade vem ganhando espaço como alternativa de renda entre os agricultores de Jaraguá do Sul, onde há potencial para crescimento da produção, que atualmente é de cerca de 6 mil toneladas/ano.

Embora 90% da produção de peixes na cidade corresponda às tilápias, somente 10% dos agricultores possuem a piscicultura como fonte de renda, o que totaliza cerca de 500 produtores. Desses, somente metade aplica as técnicas de cultivo adequadas.

De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Agricultura, isso acontece porque muitos possuem a criação apenas como recreação (pesque-pague), para complemento de renda ou ainda para consumo próprio.

A falta da aplicação das técnicas adequadas na criação acaba prejudicando o crescimento e a sobrevivência dos peixes, o que amplia os gastos com a alimentação e contamina mais o ambiente. Como o que mais pesa no custo final são os altos preços da ração, somente com uma criação em maior escala o produtor poderá sobreviver da piscicultura.

Grande potencial

Na avaliação feita pelas equipes técnicas da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura, a cidade de Jaraguá do Sul conta com um grande potencial para a criação de tilápias, tanto pelo fator climático quanto pela quantidade e qualidade das águas, além da grande aceitabilidade e demanda do mercado consumidor.

A Secretaria informa ainda que mesmo com o preço atual da ração, é possível lucrar com a produção de tilápias, apenas aplicando de forma correta as técnicas necessárias e com controle de cada etapa produtiva. Para isso, o órgão oferece acompanhamento e orientação aos produtores interessados em melhorar ou iniciar a criação de peixes no município.

A pasta já realizou campanhas de alevinos vindos de laboratórios com atestados sanitário e de qualidade adequados, disponibilizou máquinas e equipamentos para a construção de viveiros e recursos para a construção, repasse de redes, puçás e aeradores.

Atualmente, a Prefeitura oferece ajuda nos processos de terraplanagem rural e descontos nos serviços prestados pela Secretaria, que conta com um engenheiro agrônomo especializado em aquicultura para atender os piscicultores.

Interessados na atividade contam ainda com diversos programas estaduais e federais para a busca de recursos via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), através dos escritórios da Epagri, para compra de insumos e de equipamentos e construção das estruturas dos viveiros.

“Mas é somente com a organização de grupos de produtores interessados que o setor poderá evoluir no município, pois a compra de insumos, equipamentos e a negociação de preços é mais forte quando existe cooperação, comprometimento e foco no desenvolvimento da atividade”, aponta a Secretaria.

Critérios para a criação

Para ter bom retorno no investimento não basta a vontade do agricultor, é preciso seguir alguns critérios e questões legais, como licença ou autorização ambiental, outorga do uso da água e cadastro na Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), por exemplo.

Também é necessário garantir a qualidade da água, monitorando a concentração de oxigênio dissolvido, o pH e a presença de minerais, a manutenção do volume de água do viveiro, funcionamento dos aeradores, etc.

Os alevinos (filhotes de peixes) devem ser adquiridos de laboratórios idôneos, com genética adequada e com conversão sexual – para machos que crescem mais rápido – acima dos 98%. Os cuidados incluem ainda a alimentação – com algas e rações; a prevenção da mortalidade dos peixes; atendimento técnico para a avaliação e monitoramento da criação; despesca e controle da produção.

Todos os custos devem ser anotados, desde a preparação dos viveiros, compra de alevinos, da ração, insumos, energia elétrica, manutenções dos equipamentos e das estruturas, gasolina, entre outros.

Escoamento da produção

Jaraguá do Sul possui dois abatedouros de pescado e três unidades de beneficiamento de e subprodutos registrados no Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Também há estabelecimentos com inspeção estadual e os registrados nos municípios adjacentes, como em Itajaí, por exemplo, onde os abatedouros compram a produção, ou mesmo pesque-pagues dentro e fora de Santa Catarina.

Conforme informações da Secretaria, a demanda sempre existe, mesmo com o aumento da produção. O fator que mais influencia na comercialização é o preço pago ao produtor. Embora paguem um valor menor, os abatedouros são os que menos dão problemas quanto à frequência de compra e aos pagamentos.

Fonte: https://ndmais.com.br/