A seca do Rio Mogi Guaçu, em Pirassununga e Mogi Guaçu (SP), já prejudicou a época de reprodução dos peixes, conhecida como piracema. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), 14 espécies correm risco de extinção. A estiagem iniciada em janeiro deste ano é considerada a pior dos últimos 60 anos e, atualmente, o volume de água no rio está 50% abaixo do ideal.
O cenário é assustador. O rio que já foi bem mais profundo agora está raso e com as pedras bastante aparentes. O aposentado Odair Gonçalves tem 86 anos, sempre morou em Pirassununga, e nunca viu nada igual.
“É triste. Pensando nos dias futuros, como vão ser se continuar essa seca. Não só aqui nesse rio, mas na cidade, em casa, tudo isso é uma dificuldade que a gente vai passar”, falou o idoso.
Os peixes que subiram o rio não conseguiram se reproduzir. Como até agora não choveu o suficiente para o nível d’água voltar ao normal, a situação fica cada vez pior. O coordenador do Cepta, José Augusto Senhorini, diz que por enquanto os peixes ainda conseguem sobreviver porque a temperatura da água está baixa e a disponibilidade de oxigênio é maior. Mas se não chover, muitas espécies podem desaparecer.
“Não houve reprodução e nós já temos 14 espécies de peixes ameaçadas no sistema Mogi, Pardo, Grande e Sapucaí-Mirim e isso tudo acelera o processo de extinção. O prejuízo para o meio ambiente é bastante grande, incalculável”, relatou o biólogo.
O nível do rio está 45 centímetros abaixo do normal para a época e o volume de água caiu pela metade. Segundo Senhorini, em comparação com a mesma época, há 40 anos, a vazão do Rio Mogi em Pirassununga era 80 vezes maior.
“Precisávamos ter 21 metros cúbicos por segundo, que seria uma vazão mínima para a comunidade aquática sobreviver de forma satisfatória. Hoje a vazão é 10 metros cúbicos por segundo”, explicou o biólogo.
Prainha
A prainha, que sempre ficava cheia de turistas e pescadores, agora está vazia. O pescador Durval Francisco já não exerce mais a atividade. Tudo o que faz é alugar barcos para os visitantes, mas ultimamente eles ficam mais tempo na margem.
“Está devagar também, porque aqui gira tudo em torno do rio. Se não estiver pegando peixe, o pessoal não vem aqui. E do jeito que está, o pessoal não está vindo mesmo não”, lamentou.
Para o estudante Roberto Carlos Macedo, que costuma passar pela local com a família, desta vez ficou a lição. “A gente percebe o quanto a água é importante e o quanto a gente pode fazer para economizar essa água, também é importante”, falou Macedo.
Fonte: http://g1.globo.com