Com seca na piracema, 14 espécies de peixe estão ameaçadas no Mogi

Com seca na piracema, 14 espécies de peixe estão ameaçadas no Mogi
Nível do Rio Mogi está 45 centrímetros abaixo do normal em Pirassununga (Foto: Rodrigo Sargaço/EPTV)

A seca do Rio Mogi Guaçu, em Pirassununga e Mogi Guaçu (SP), já prejudicou a época de reprodução dos peixes, conhecida como piracema. Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), 14 espécies correm risco de extinção. A estiagem iniciada em janeiro deste ano é considerada a pior dos últimos 60 anos e, atualmente, o volume de água no rio está 50% abaixo do ideal.

O cenário é assustador. O rio que já foi bem mais profundo agora está raso e com as pedras bastante aparentes. O aposentado Odair Gonçalves tem 86 anos, sempre morou em Pirassununga, e nunca viu nada igual.

“É triste. Pensando nos dias futuros, como vão ser se continuar essa seca. Não só aqui nesse rio, mas na cidade, em casa, tudo isso é uma dificuldade que a gente vai passar”, falou o idoso.

Os peixes que subiram o rio não conseguiram se reproduzir. Como até agora não choveu o suficiente para o nível d’água voltar ao normal, a situação fica cada vez pior. O coordenador do Cepta, José Augusto Senhorini, diz que por enquanto os peixes ainda conseguem sobreviver porque a temperatura da água está baixa e a disponibilidade de oxigênio é maior. Mas se não chover, muitas espécies podem desaparecer.

“Não houve reprodução e nós já temos 14 espécies de peixes ameaçadas no sistema Mogi, Pardo, Grande e Sapucaí-Mirim e isso tudo acelera o processo de extinção. O prejuízo para o meio ambiente é bastante grande, incalculável”, relatou o biólogo.

O nível do rio está 45 centímetros abaixo do normal para a época e o volume de água caiu pela metade. Segundo Senhorini, em comparação com a mesma época, há 40 anos, a vazão do Rio Mogi em Pirassununga era 80 vezes maior.

“Precisávamos ter 21 metros cúbicos por segundo, que seria uma vazão mínima para a comunidade aquática sobreviver de forma satisfatória. Hoje a vazão é 10 metros cúbicos por segundo”, explicou o biólogo.

Com seca na piracema, 14 espécies de peixe estão ameaçadas no Mogi
Com a seca, barcos ficam na margem do Rio Mogi
em Pirassununga (Foto: Rodrigo Sargaço/EPTV)

Prainha

A prainha, que sempre ficava cheia de turistas e pescadores, agora está vazia. O pescador Durval Francisco já não exerce mais a atividade. Tudo o que faz é alugar barcos para os visitantes, mas ultimamente eles ficam mais tempo na margem.

“Está devagar também, porque aqui gira tudo em torno do rio. Se não estiver pegando peixe, o pessoal não vem aqui. E do jeito que está, o pessoal não está vindo mesmo não”, lamentou.

Para o estudante Roberto Carlos Macedo, que costuma passar pela local com a família, desta vez ficou a lição. “A gente percebe o quanto a água é importante e o quanto a gente pode fazer para economizar essa água, também é importante”, falou Macedo.

Fonte: http://g1.globo.com