A afirmação foi feita pelo presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Akifumi Ono, que reuniu-se na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais) para discutir formas de movimentar o segmento.
Durante o encontro, que contou com a presença de representantes da Câmara Técnica Setorial da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária), do Conselho de Política Agrícola (CEPA), de dirigentes e pesquisadores da Embrapa e aquicultores, o presidente da FAEMG, Roberto Simões, destacou a importância do desenvolvimento da aquicultura no Brasil, especialmente em Minas, que representa importante mercado consumidor. “A presença de tantas pessoas, nesta reunião, confirma o interesse em desenvolver esta cadeia produtiva. Estamos à disposição para a criação de uma Comissão Técnica de Aquicultura”, anunciou Simões.
Eduardo disse que, nos últimos três anos, o setor cresceu cerca de 15%, ao ano, no país. Segundo ele, as boas condições naturais – de clima e terras – além da fartura de insumos e o aumento do consumo no mercado nacional, têm atraído multinacionais que, ora compram parte de empresas nacionais, ora abrem novas empresas. O principal desafio é o excesso de burocracia. “Para que novos empreendimentos comecem a funcionar, é exigida uma infinidade de documentos. Temos levado sugestões e críticas aos órgãos ambientais de cada estado”.
Menos burocracia
Durante a reunião, Eduardo falou sobre a plataforma de licenciamento ambiental online, adotada pelo Governo do Paraná. Segundo ele, o software, com lógica semelhante ao utilizado pela Receita Federal, para declaração do Imposto de Renda, é de fácil navegabilidade e reduz a conclusão dos processos em até 70%. “Ou seja, solução técnica existe, falta decisão política”, disse.
Para o coordenador da Câmara Técnica Setorial da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária), Leonardo Romano, a disponibilidade para a criação de uma Comissão Técnica da Aquicultura pela FAEMG, soou como “música”, pela força e representatividade da entidade. “A aquicultura é uma atividade recente que carece de troca de informações. Perceber o envolvimento da CNA, da Embrapa e da FAEMG foi bastante motivador”.
Sobre a sugestão de adoção da plataforma de licenciamento ambiental online, Romano disse que a ideia é boa, mas de nada adiantará se as exigências continuarem a ser exageradas. “Uma coisa precisa estar casada com a outra. A aquicultura tem um baixíssimo impacto ambiental. Os produtores são os principais interessados em manter a qualidade da água”. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reconhece que a aquicultura é uma atividade que se desenvolve rapidamente e pode contribuir para o combate à fome no mundo.
Outra boa notícia é que, durante o evento Aquaciência 2016 realizado em BH, na semana passada, representantes de universidades e pesquisadores reconheceram a importância de estarem conectados e de se aproximarem do setor empresarial. O presidente da Aquabio, Carlos Magno Campos da Rocha, chefe geral da EMBRAPA Pesca e Aquicultura, disse que a pesquisa não pode continuar dissociada dos anseios da sociedade e do setor produtivo. Ele reforçou que os investimentos em pesquisa na aquicultura sejam, de fato, destinados à aquicultura e não à áreas de pesquisa básica. “Esta reivindicação vem sendo feita pela CNA, há alguns anos e, finalmente, começou a ecoar pelos corredores das universidades e centros de pesquisa no país”.
Entenda a diferença:
Pesca: Baseia-se na retirada de recursos pesqueiros do ambiente natural.
Aquicultura: Baseia-se no cultivo de organismos aquáticos, em geral, espaços confinados e controlados. A prática possibilita produtos mais homogêneos do que a pesca, rastreabilidade em toda a cadeia e outras vantagens que contribuem para a segurança alimentar, gerando alimentos de qualidade, com planejamento e regularidade.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br