O sucesso da produção intensiva depende de vários fatores técnicos e ambientais. A concentração de oxigênio dissolvido é um dos mais importantes para a sobrevivência dos peixes e para a rentabilidade. A intensificação dos sistemas, com maiores densidades e taxas de arraçoamento, leva a aumentos proporcionais na demanda de oxigênio dissolvido nos viveiros de piscicultura.
Conforme Julio Queiroz, “é comum que ocorra, à noite, uma queda abrupta na concentração de oxigênio dissolvido devido ao grande consumo pelos peixes, fitoplâncton e bactérias. Essa é uma das principais causas de grandes mortalidades de peixes”.
Considerando-se a produtividade nos viveiros onde a concentração de oxigênio dissolvido é reduzida a níveis muito baixos de forma repentina, ou se mantém em níveis críticos por longos períodos, os peixes não se alimentam e não crescem no ritmo esperado, com predisposição a contrair doenças e parasitas.
Muitos piscicultores tentam contornar esse problema efetuando trocas de água emergenciais e rotineiras. No entanto, esse método aumenta os custos do piscicultor, e não é efetivo nem ambientalmente sustentável.
A troca de água frequente potencializa o efeito poluente dos viveiros. Um exemplo que demonstra que a troca de água não precisa ser frequente é a produção de bagre do canal nos Estados Unidos. Lá, esses viveiros são drenados em média a cada 6 anos.
A recomendação técnica é que os piscicultores façam medições rotineiras da concentração de oxigênio dissolvido para determinar corretamente qual é a necessidade específica de aeração durante a noite.
Além dessas medições, algumas BPMs podem ser utilizadas para melhorar a qualidade da água durante o período de crescimento dos peixes.
A redução das trocas de água aumenta o tempo de retenção hidráulica permitindo, assim, mais tempo para a assimilação natural dos resíduos no interior dos viveiros.
A aeração mecânica mantém a concentração de oxigênio dissolvido nos viveiros mais elevada, resultando em melhores taxas de conversão alimentar. Para prevenir variações abruptas utilizando-se aeração mecânica, deve-se monitorar a transparência da água. É importante não deixar os aeradores funcionando o dia todo para evitar a supersaturação da água, pois pode induzir a ocorrência da doença da bolha de gás, lembrando que durante o dia os viveiros são aerados naturalmente pelo fitoplâncton quando, então, somente uma parte dos aeradores pode ser ligada, com economia de energia. Para evitar o estresse dos peixes em grandes viveiros, os aeradores devem ser ligados toda vez que a concentração de oxigênio aparentar ser inferior a 4mg/L: os peixes nadando junto à superfície indicam que a concentração de oxigênio dissolvido está baixa. Na medida do possível, instalar controles automáticos para ligar os aeradores durante a noite.
Também recomenda-se evitar a fertilização excessiva dos viveiros devendo o produtor assegurar-se que os peixes sejam alimentados com quantidades adequadas de ração.
Além dessas, os autores citam a prevenção e redução dos efeitos da estratificação térmica em viveiros e reservatórios com profundidade superior a 3m, limitação máxima de 40 kg/ha de ração/dia nos viveiros sem aeração; instalação dos viveiros longe das bordas e com profundidade superior a 1 metro, visando-se evitar a formação de correntes e suspensão dos sedimentos do fundo dos viveiros; evitar acúmulo de resíduos em apenas um local e impedir que se formem áreas onde os sedimentos concentrem matéria orgânica posicionando os aeradores longe das bordas.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br