Agência estuda mecanismos para ajudar piscicultores afetados pela enchente no interior

Em atenção aos problemas  na piscicultura de Mundo Novo, em decorrência das chuvas torrenciais que assolam várias cidades da região Sul do Estado, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) juntamente com o Município estuda estratégias para amenizar os prejuízos dos pequenos produtores de peixe.

Devido às chuvas constantes, o rio Iguatemi que banha a cidade chegou a subir quatro vezes mais, o que acarretou não só a enchente como a liberação de milhares de peixes para o próprio afluente.

Por conta disso, o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, esteve nesta semana no auditório da Câmara Municipal de Mundo Novo para conversar com alguns piscicultores, acompanhado de cinco vereadores e da equipe do escritório local da Agência que presta atendimento a classe rural produtiva.

A ação teve como objetivo debater sobre os prejuízos dos piscicultores, de forma a estudar uma possível articulação com o banco quanto renegociações dos empréstimos feitos através do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). Dessa forma os produtores terão um prazo maior para quitar seus compromissos, evitando que as inundações tumultuem ainda mais a vida de suas famílias.

“Mesmo na crise da mandioca o banco não generalizou a situação, estudou o caso de cada agricultor e prolongou as parcelas. Sabemos que todos aqui dependem do peixe para honrar seus compromissos. A Agraer tem boa relação com as instituições financeiras que cuidam do Pronaf. Então, acreditamos que não haverá dificuldade para propormos uma renegociação diferenciada”, disse Felini.

Um diagnóstico sobre os prejuízos já foi elaborado pela equipe da Agraer de Mundo Novo. Até o momento cerca de 15 produtores já procuraram a instituição com interesse em resolver a situação.

Agora, o próximo passo é reunir os produtores, vereadores, prefeitura Municipal e a equipe local Agraer com o banco.

Realidade

Na propriedade do senhor João Andregeski Borke, os danos só podem ser calculados superficialmente, pois grande parte dos tanques ainda seguem ilhados. “Tínhamos uma média de 30 toneladas de peixes em nossos 39 tanques. O rio já baixou e subiu o nível umas três vezes. Então, ainda não se pode dizer o quanto de alevino que escapou para o rio”, contou o piscicultor que trabalha de forma cooperada com outros três produtores.

Segundo Borke, a propriedade fica a mais de um quilômetro de distância da margem do rio. “Nunca tínhamos visto o Iguatemi subir tanto. Em 2005, ele tinha chegado a subir, mas não tanto assim. Estou desde 1994 nessa propriedade e nunca vi nada igual e tem gente que mora na região desde 1967 que diz que também nunca tinha visto algo assim”.

Logo que as chuvas começaram, os produtores posicionaram telas de segurança de 1,2m, de altura, ao redor dos tanques, na expectativa de conter a fuga dos animais. Contudo, o nível da água se elevou tanto que atingiu mais de 1,5 m, o que tornou o uso dos equipamentos ineficaz.

“A preocupação só não é maior porque trabalhamos com peixes já introduzidos na bacia dos rios: cat fish, tilápia e pacu, por exemplo. Acredito que a gente possa salvar de 20 a 30 por cento da produção, mas os prejuízos podem chegar a 70%. Todo apoio que o governo do Estado possa nos dar será muito bem-vindo”, disse.

Ações

Na reunião, Felini ainda informou a possibilidade de uma parceria com o Município para que seja feito um estudo para recuperação das propriedades, com a utilização de máquinas para o reparo dos tanques. “O governador Reinaldo Azambuja já sobrevoou o local com Gilberto Occhi [Ministro da Integração Nacional] para ver os estragos e, inclusive, já autorizou obras de recuperação de estradas e pontes. A Agraer dentro do que for possível também quer ajudar os piscicultores”.

Das ações por parte do Executivo Estadual, foram iniciadas as obras que compreendem a reconstrução de 47 pontes destruídas pelas chuvas, a reforma de mais 54 pontes e a recuperação de 140 vias intransitáveis nas regiões afetadas. Na última terça-feira (15), o governador do Estado, Reinaldo Azambuja esteve com sua comitiva em Mundo Novo e região para autorizar os trabalhos.

Contudo, no que tange a abrangência da Agraer, a prioridade, no momento, se dá nas negociações pelo Pronaf, visto que os produtores não fizeram adesão de seguro. “A primeira recomendação do banco foi acionar o seguro, mas verificamos que ninguém optou pelo plano dentro das cláusulas do contrato. Vamos levar o diagnóstico ao conhecimento do banco para buscar uma prorrogação diferenciada”, informou Felini.

Fonte: http://www.acritica.net/