Peixes continentais é tema da revista científica do ICMBio

Peixes continentais é tema da revista científica do ICMBio

A Conservação de Peixes Continentais e Manejo de Unidade de Conservação é o tema da revista científica BioBrasil de 2017, que acaba de ser lançada em meio eletrônico pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo a publicação, os peixes representam a maior biodiversidade entre os vertebrados do planeta. Das cerca de 60.000 espécies já descritas de vertebrados, 32.000 (53%) são peixes, e esse número só faz crescer ano a ano, sendo que o Brasil é um dos países que lideram novas descobertas.

Na última avaliação do estado de conservação da fauna brasileira, o ICMBio, em conjunto com quase 200 ictiólogos (especialistas em peixes), avaliou 4.494 espécies de peixes marinhos e continentais, considerando tanto os ósseos como os cartilaginosos. Dos 3.147 peixes de água doce avaliados, 312 (9,91%) estão ameaçados de extinção; entre os marinhos, das 1.347 espécies avaliadas, 96 (7,13%) foram listadas em alguma categoria de ameaça.

Entretanto, os efeitos diretos que ameaçam boa parte dos peixes ainda permanecem imprecisos. Fatores genéricos como poluição, assoreamento e introdução de espécies exóticas ainda precisam ser mais bem investigados em se tratando da biota aquática. A publicação lista alguns casos que impactaram as populações de peixes como a construção de hidrelétricas para os grandes peixes migradores, pois rompem suas rotas de migração com barreiras físicas, ou ainda a pesca industrial desordenada para os peixes marinhos, que muitas vezes atua sobre agregações reprodutivas.

Ameaçados

A revista traz seis artigos apresentados na seção sobre conservação de peixes. Um deles é o estudo sobre os peixes ameaçados de extinção no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, reforçando a importância da unidade como “santuário” para a ictiofauna, especialmente para as espécies endêmicas da bacia do rio Iguaçu.

Outro artigo enfoca as relações existentes entre fatores ambientais e a assembleia de peixes e de macroinvertebrados bentônicos em um riacho tropical, no Parque Natural Municipal em Sorocaba, São Paulo. Fora de unidades de conservação, há ainda um artigo que trata do estado de conservação da piracanjuba (Brycon orbignyanus), uma espécie de peixe ameaçada de extinção em toda a bacia do rio Paraná, e traz bases genéticas sólidas para programas de manejo.

Quando o assunto é peixe, a Amazônia não pode ficar fora. Há uma seção para apresentar e discutir modelos para estimar o tamanho de estoques pesqueiros amazônicos, baseados em dados de captura e esforço.

Na seção sobre gestão de unidades de conservação, são abordados temas que dialogam com a conservação e o manejo da ictiofauna, ao tratar da participação social na gestão das áreas protegidas e na gestão do conhecimento e da relação entre conservação e desenvolvimento socioeconômico, além de focar áreas em que o manejo da pesca é um dos temas centrais.

Desafios

Os pesquisadores identificam os desafios para colocar “a ciência em prática”, isto é, mobilizar e gerir conhecimentos necessários ao manejo de áreas protegidas. Eles analisam a experiência de fomento à participação, desenvolvimento local e governança no âmbito das unidades de conservação inseridas no programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), considerado o mais ambicioso projeto de conservação de florestas tropicais do mundo.

Entre os resultados positivos dos planos de ação analisados, estão as parcerias estabelecidas com organizações, o empoderamento de comunidades locais, participação de conselhos gestores e o fortalecimento do diálogo institucional.

Segundo a publicação, a participação e parceria são importantes ingredientes para o sucesso na concepção e implementação dos planos de ação nacionais (PANs) para as espécies ameaçadas. Os PANs, estratégias coordenadas pelo ICMBio, constroem pactos com a sociedade, para lidar com os imensos desafios de conservação revelados, por exemplo, pelos números de espécies ameaçadas.

Tanto os planos de ação como os planos de manejo, assim como tantos outros instrumentos de conservação, incorporam crescentemente o entendimento de que a perda ambiental ou as estratégias de sucesso não se dissociam dos contextos sociais, culturais e econômicos, sendo necessário, portanto, fortalecer as ações socioambientais.

Fonte: http://www.icmbio.gov.br/