Aquicultura contará com sistema de inteligência territorial

A Embrapa está mapeando, por imagens de satélite, os viveiros de criação de peixes e outros animais aquáticos em todo o Brasil. As informações ficarão disponíveis em uma plataforma online, que abrigará vasta quantidade de dados georreferenciados sobre a atividade aquícola, e comporão um Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (Site) da Aquicultura Brasileira.

O objetivo é utilizar os dados organizados nacionalmente para impulsionar ainda mais os números da produção aquícola do País, que se encontra em franco crescimento. A plataforma em construção apresentará para a aquicultura os cinco quadros definidos na metodologia da Embrapa para sistemas de inteligência territorial estratégica: natural, agrário, agrícola, infraestrutura e socioeconômico. “Temos um conjunto significativo de dados secundários relacionados à produção agrícola, questões socioeconômicas e emprego para analisar a aquicultura nesses cinco quadros, integrando-os de forma coerente”, informa o analista Marcelo Fonseca, da Embrapa Territorial (SP).

O coordenador do trabalho, o geógrafo Balbino Evangelista, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), acredita que o esforço em coletar dados sobre a aquicultura nacional poderá beneficiar diferentes atores das cadeias produtivas do ramo, como instituições públicas e privadas, extensionistas, produtores e associações.A aquicultura é uma das atividades do agronegócio que mais cresce atualmente no País. Cadeias de valor específicas, como a da tilápia (Oreochromis niloticus), vêm sendo aprimoradas e têm possibilitado boas oportunidades de renda para o produtor. Os números relativos ao crescimento do setor são positivos, mas podem ser ainda melhores.

De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal, divulgada em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, a aquicultura nacional gerou mais de R$ 4,9 bilhões em produção. O destaque é a piscicultura, responsável por mais de R$ 3,3 bilhões, ou 67,5% do total. Em 2018, a piscicultura brasileira produziu mais de 519 mil toneladas (com destaque para tilápia e tambaqui, quantidade 3,4% maior que a do ano anterior.COLETA DOS DADOS TEVE INÍCIO EM RONDÔNIA  Para iniciar o trabalho, a equipe escolheu o estado de Rondônia.

O único filtro foi a retirada das áreas onde a aquicultura não é permitida, como as destinadas a Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas. Depois, a equipe avaliou, visualmente, ponto por ponto assinalado como possível corpo d’água para identificar quais realmente correspondiam a viveiros escavados para aquicultura. Foram encontradas 1.875 áreas, denominadas polígonos, representativas de viveiros com mais de um hectare, que somavam 8.138 ha. Ariquemes, Mirante da Serra e Urupá foram os municípios com maior participação nesse montante.
O resultado positivo da primeira experiência encorajou o grupo a ampliar o trabalho.

A equipe da Embrapa Territorial levantou, nas bases de dados do IBGE, os municípios que em cada estado respondem por 75% da produção aquícola. Na análise das imagens de satélite desses municípios foi aplicado um índice denominado NDWI, para destacar os corpos d’água.
Depois, foram identificados os viveiros nessas localidades. Somente nos 12 primeiros estados mapeados, os analistas e colaboradores do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa analisaram mais de 40 milhões de hectares em 223 municípios e identificaram 7.871 unidades de produção aquícola – como foi denominado cada conjunto de viveiros.

Fonte: www.diariodaamazonia.com.br/