Produção de pirarucu é um desafio

Produção de pirarucu é um desafio
foto meramente ilustrativa

Espécie de difícil reprodução em cativeiro, o pirarucu, peixe típico da bacia amazônica e famoso por seu tamanho e carne saborosa, foi um dos temas do Seminário Técnico de Peixes Nativos de Água Doce, que integra a Feira Nacional, organizada pelo Sebrae, de 16 a 18/10, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, com patrocínio do Senar Mato Grosso.

Para tratar do assunto, foram convidados um produtor de alevinos e um consultor. Para falar da parte prática, Megumi Yokoyama, conhecido como Sr. Pedrinho, contou um pouco da sua experiência à frente da Piscicogranja Boa Esperança, instalada em Pimenta Bueno, Rondônia.

Tido como referência no assunto, ele vende alevinos de pirarucu e de outras espécies, tais como tambaqui, pintado, piauçu, curimba, entre outros, para todo o Brasil e diz que a qualidade do material é muito importante. Segundo ele, no caso do pirarucu, a consanguinidade é um dos maiores pontos de preocupação na atividade. “Alevinos de uma mesma família que geram outros alevinos a partir da fertilização entre eles, resultam em uma alta taxa de mortalidade”.

Segundo ele, com apoio do Sebrae, ao longo dos anos, vem desenvolvendo um projeto de estudo da espécie a partir de experiências e observações na prática. Assim, passou a fazer exame de DNA nos peixes para separar as matrizes e evitar a fertilização entre membros de uma mesma família, coleta de nadadeira, abate para estudo, formação de oócitos, além de ter implantado microships transporder para formar os casais de famílias diferentes e adotar tanques telados para a proteção contra as aves predadoras.

“O pirarucu é como um neto exige todos os cuidados para que possa crescer forte e saudável”, diz em tom de brincadeira.
Por sua vez, o consultor técnico Darci Fornari, da Genect Fish, instalada em Sorriso, diz que é preciso ainda muita pesquisa para profissionalizar a produção de pescado no Brasil. “A pesquisa ainda está muito longe da produção”, diz, acrescentando que não existe quase nada nesse sentido. “O maior gargalo na criação de pirarucu é a criação de alevinos, porque nesta espécie não é possível induzir a desova, é preciso lidar com o processo natural”, ressalta.

Fornari é zootecnista com mestrado e doutorado em piscicultura. Ele atua como consultor técnico há 16 anos e destaca que Mato Grosso tem um grande potencial para a piscicultura, mas é preciso fazer o “beabá” para que o segmento se profissionalize. “Continuamos a trabalhar como a da mesma forma que se fazia em 1939 quando teve início a produção de pirarucu em cativeiro”, constata, acrescentando que falta foco nas pesquisas para esta e todas as espécies.

O evento reúne mais cerca de mil participantes no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

Fonte: http://www.cenariomt.com.br