Pirarucu, o peixe da boa engorda

pirarucuNo tanque de reprodutores de um viveiro experimental em Mococa (SP), pirarucu de 2 anos chegam a 1 metro de comprimento. Na balança, outra vantagem. Em um ano, podem chegar a 10 quilos, muito mais do que outras espécies comerciais, cuja média de engorda fica em torno de 1 quilo/ano.

Além disso, o que mais anima o piscicultor Martinho Carlos Colpani Filho – cuja família, proprietária do viveiro experimental, pesquisa há dois anos a espécie em parceria com o Ibama – é o produto final. O rendimento de carcaça, ou seja, a quantidade de carne que se aproveita em relação ao peso total do animal, chega a 57%. “É excepcional. A tilápia rende 30%.” E o alto rendimento de carcaça, diz o criador, é essencial para a industrialização de pescado.

Outra vantagem, que deve ser a base para conquistar o consumidor, é que o peixe não tem espinhos, um dos entraves na comercialização de outras espécies. Conforme Martinho Filho, “muita gente não come peixe por causa dos espinhos”. O excelente sabor, além de carne leve e de boa consistência, também serão iscas para atrair o consumidor, acredita o criador.

Vantagens da criação de pirarucu

Os primeiros estudos sobre o pirarucu começaram em 1940 e, após seis décadas, pouco se descobriu. Tanto que, há alguns anos, o pirarucu quase entrou em extinção e sua pesca foi proibida em algumas regiões da Amazônia. “O pirarucu tem respiração aérea; vai à superfície para respirar, o que o torna presa fácil”, diz Martinho.

Mas, na criação em cativeiro, a respiração aérea é uma vantagem, pois um dos problemas da piscicultura é que não pode faltar oxigênio na água. É preciso, por isso, monitorar a quantidade de peixes colocada em cada tanque. “Normalmente, colocamos 10 toneladas por hectare. Com o pirarucu, podemos colocar 15 toneladas, ou até mais, porque ele sobrevive mesmo se faltar oxigênio na água.”

Para começar as pesquisas, Martinho trouxe alguns exemplares da Amazônia. O entrave, porém, ainda é a dificuldade em conseguir alevinos. Em dois anos, obteve 120 reprodutores, utilizando, de início, a técnica de reprodução natural.

“Colocamos um determinado número de exemplares em cada tanque. Já sabemos, por exemplo, que o pirarucu se reproduz em água parada e que a fêmea desova no ninho.” O alevino só é retirado do tanque com 1 mês de idade. O treino alimentar – substituição do alimento natural pela ração – é feito no laboratório.

Agora, o piscicultor está investindo na reprodução artificial. Na natureza, diz Martinho, o pirarucu produz de 1.500 a 3 mil alevinos. “Só que numa fêmea de 40 quilos, por exemplo, contamos até 70 mil ovos. Ou seja, a perda é grande na reprodução natural. Trabalhamos agora para preparar o peixe, injetar hormônio e conseguir maior aproveitamento.”

Potencial deste Peixe Pirarucu

O diretor do Instituto de Pesca, Edison Kubo, acredita no potencial da espécie. Mas diz que a produção comercial esbarra na dificuldade de reprodução. “O gargalo da espécie está na obtenção de alevinos”, diz ele, acrescentando que, em 2004, o Instituto de Pesca publicou um boletim informativo sobre a criação de pirarucu em estufa, apresentando resultados satisfatórios em termos de ganho de peso e outros itens. Kubo diz ainda que, além de São Paulo, há experiências com a criação do pirarucu no Norte, região natural da espécie. “O pirarucu tem uma carne diferenciada, o filé é grande e o rendimento de carcaça é alto. É uma boa alternativa para pequenos produtores.”

Fonte: Jornal Estado de São Paulo