Couro do pirarucu ganha espaço na alta costura

bota de pirarucuO pirarucu, um peixe gigantesco da Amazônia e um dos maiores de água doce do mundo, passou a ter seu couro usado como matéria-prima para a produção de bolsas e sapatos de alta costura. O peixe, um dos maiores de água doce do mundo, é famoso por seu tamanho – pode chegar a três metros de comprimento e 250 quilos de peso – e por sua carne de sabor suave e delicioso com poucos espinhos.

Há seis anos, as escamas do pirarucu também se transformaram em matéria-prima, muitas vezes incógnita, para a criação de acessórios usados por muitas mulheres em capitais da moda como Paris.

A engenheira florestal Rose Dias, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e uma das proprietárias da empresa Green Obsession, explicou como nasceu este projeto, pelas mãos do organismo estatal, para criar uma inovadora marca de moda que “dá valor” à Amazônia.

O pirarucu é um peixe em extinção, cuja pesca está proibida no Brasil. Ele só pode ser obtido em unidades de conservação e viveiros, sempre com supervisão dos organismos de fiscalização do meio ambiente.

Tradicionalmente, o pirarucu costumava ser assado na brasa e “não sobrava nada” do couro. Porém, depois que passou a ser comercializado por grandes empresas, toda a pele começou a ser descartada, segundo a engenheira. Então, o INPA pensou que este material, que representa 10% do peso do animal, poderia ganhar alguma utilidade, gerando mais renda para a cadeia produtiva.

O couro deste peixe apresenta vantagens em relação ao bovino: sustenta mais tensão, já que suas fibras são entrelaçadas, enquanto as da pele dos bovinos estão dispostas em paralelo, segundo os estudos do INPA.

A empresa também utiliza outros peixes da região, como o tucunaré, um animal de tamanho intermediário, de entre 30 centímetros e um metro de comprimento.

No total, sete pessoas trabalham na empresa regularmente. Porém, em função da demanda, mais empregados são contratados. A mão-de-obra é recrutada em comunidades pobres, onde a empresa oferece cursos de capacitação, necessários porque a confecção das peças é mais difícil devido às características dos animais.

A Green Obsession já produz em média 200 peças ao ano, entre sapatos e bolsas. Os produtos da empresa já encontraram compradores em cidades como São Paulo e Belo Horizonte.

Além disso, a companhia já exporta seus produtos para França, Itália, Estados Unidos e Canadá, graças a contatos realizados na Feira Internacional da Amazônia, realizada anualmente em Manaus, e também por pedidos realizados por profissionais da moda que faziam turismo na região.

 

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/