Atividade de fácil manejo pode suprir falta de peixes nativos

Atividade de fácil manejo pode suprir falta de peixes nativosA piscicultura tem grande potencial de crescimento em Mato Grosso. Atualmente, boa parte dos produtores escolhe entrar na atividade especialmente por gosto pessoal, disponibilidade de água na propriedade e necessidade de diversificar a produção. Para verificar as oportunidades e os desafios dessa cadeia produtiva, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) elaborou o primeiro Diagnóstico da Piscicultura de Mato Grosso, a pedido da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MT).

Para o estudo foram feitas três pesquisas de campo durante 10 meses em 28 municípios do Estado. Foram entrevistados 231 produtores e 16 frigoríficos e pontos de comercialização de peixe. Segundo a pesquisa, os 231 piscicultores representam 20% dos produtores no Estado e produzem ao todo 45 mil toneladas de peixes por ano. Boa parte desses piscicultores (56%) está há menos de cinco anos na atividade. Considerando os que não participaram do estudo, a estimativa é de que a produção anual de peixes supere 60 mil toneladas. A maioria da produção é destinada para o consumo no Estado (72%).

“Com este diagnóstico, os produtores, formadores de políticas públicas, agentes financeiros e demais elos dessa cadeia produtiva conhecerão as oportunidades e os desafios da piscicultura de Mato Grosso. A Famato poderá auxiliar na união dos produtores, questões jurídicas e nas estratégias de políticas públicas para o setor. O Imea conseguirá contribuir com informações de mercado e o Senar na qualificação dos piscicultores conforme a demanda levantada na pesquisa”, afirma o presidente em exercício do Sistema Famato, Normando Corral.

ATIVIDADE – Conforme a pesquisa, os piscicultores de Mato Grosso têm o perfil empreendedor, expertise na produção de peixes nativos e baixo endividamento. “Constatamos que a piscicultura é uma atividade de fácil manejo operacional perante as outras atividades agropecuárias. Também possui diversificação de espécies e de sistemas produtivos, permite alta produtividade e agrega valor e renda para o produtor”, informa o gestor de Projetos do Imea, Daniel Latorraca.

As principais oportunidades identificadas no estudo são a grande produção de grãos para ração, disponibilidade de recurso hídrico, temperatura favorável e estável e a existência dos sistemas integrados de produção. A falta de oferta de peixes nativos em Mato Grosso pode ser suprida pelos piscicultores. Os grupos de peixes mais cultivados no Estado são os redondos (formados pelas espécies nativas pacu e tambaqui e seus híbridos tambacu e tambatinga), representando 58% do que é produzido pelos participantes da pesquisa. Além disso, tem os bagres de couro (pintado), com 27% de participação, e os brycons (piraputanga e matrinxã), produzidos por 9% dos entrevistados.

A análise econômica apontou que o sistema é lucrativo, porém, quando a escala é muito pequena e não são adotadas boas práticas de manejo pode gerar prejuízos. Segundo Latorraca, entre os principais desafios constatados estão a necessidade de união dos piscicultores, melhoramento genético, padronização dos produtos, mão de obra qualificada, informações de mercado, insegurança jurídica, ausência de crédito, entre outros.

CONSUMIDORES – Além dos produtores, o Imea entrevistou 3.031 consumidores de peixe em Cuiabá. Esta foi a primeira vez que o Instituto fez a pesquisa com o mercado consumidor final. “Identificamos que a preferência dos consumidores ainda é maior pelas carnes bovina e de aves e os principais motivos são o sabor e o fator cultural. Mas 42% dos entrevistados que preferem peixe disseram que têm o hábito de consumi-lo semanalmente”, explica o superintendente do Imea, Otávio Celidonio.

Para aumentar o consumo de peixe, o preço mais atrativo foi um dos principais fatores respondido por 41% dos entrevistados. Em segundo lugar está mudança de estilo de vida (33%), seguido de opções de acesso (8%), facilidade com o preparo (6%) e o sabor (4%). Em geral, os consumidores esperam produtos de fácil preparo e baixo custo. “No momento da compra, a aparência e o preço sãos fatores que pesam mais do que o odor e a quantidade de espinhas”, acrescenta Celidonio.

Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br